terça-feira, 19 de junho de 2012

Fundação Saramago


Uma exposição dedicada à obra e à vida do Nobel da Literatura português, parte da sua biblioteca pessoal e a do amigo Vasco Gonçalves podem ser visitadas na Casa dos Bicos. Saramago está sempre presente.
As luvas brancas que Pilar del Río traz calçadas enquanto arruma a biblioteca na Casa dos Bicos, em Lisboa, foram usadas por José Saramago numa cerimónia honoris causa. Nestes dias têm ajudado a presidenta da Fundação Saramago a transportar caixas, pendurar quadros e organizar papéis neste edifício quinhentista da Rua dos Bacalhoeiros, que durante os próximos seis anos vai albergar a sede da instituição fundada pelo Nobel da literatura português.

"Saramago usou-as durante uma cerimónia de um doutoramento honoris causa. Espero que a universidade não se importe... Ele não se importaria, porque estão a ser usadas para a sua obra", diz a viúva do escritor durante uma vista de jornalistas à casa que, em 2008, foi cedida à Fundação Saramago pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) por dez anos. Ali decorrem os últimos preparativos para a abertura ao público, marcada para hoje.

A cerimónia oficial de inauguração realiza-se às 11h30, no passado dia 10 com a participação do presidente da CML, António Costa. Por constrangimentos de espaço, é destinada apenas a convidados e à comunicação social, mas a Fundação José Saramago abrirá as portas ao público à tarde, entre as 14h e as 16h.

Na cerimónia foiapresentado um vídeo em que o autor de "História do Cerco de Lisboa" fala dos objectivos da fundação. Além dos discursos oficiais, falará o espanhol Fernando Gómez Aguilera, comissário da exposição "José Saramago. A Semente e os Frutos", que ocupa o primeiro andar da nova Casa dos Bicos, cujas obras de readaptação foram feitas pela dupla de arquitectos Manuel Vicente e João Santa-Rita.

A Casa dos Bicos, que tem uma importante jazida arqueológica a nível subterrâneo, abrirá todos os dias úteis das 10h às 18h e, aos sábados, das 10h às 14h. Em Junho, a entrada é grátis, depois passa a ser paga: o bilhete custará três euros para os portugueses e "entre cinco e seis euros" para os estrangeiros. A fundação vai viver dos direitos de autor da obra do escritor, que morreu a 18 de Junho de 2010, e do trabalho que se for fazendo nesta instituição, que assume como norma de conduta, nas suas actividades, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, e que tem por missão dar particular atenção aos problemas do meio ambiente e do aquecimento global do planeta.

"Não temos qualquer outro apoio oficial e os tempos estão difíceis para conseguir mecenato. Por isso, o público vai ter de pagar entrada", explica Pilar del Río.

Parte da biblioteca pessoal de Saramago está agora guardada neste edifício, e será possível aceder ao resto dos seus livros (o essencial continua na sua biblioteca em Lanzarote), a partir de equipamento electrónico. A Casa dos Bicos tem ainda disponíveis áreas de trabalho para investigadores que estejam a estudar e a organizar o espólio. No terceiro andar, além da biblioteca e do auditório existe um espaço dedicado ao político e ex-primeiro-ministro português Vasco Gonçalves (1922-2005).




A presidenta da fundação explica ao PÚBLICO que não irão existir outros espaços "porque José Saramago já não está cá para decidir, e também não caberiam mais". Saramago e Vasco Gonçalves eram amigos e o escritor respeitava muito o político e não queria que a sua biblioteca se dispersasse depois da sua morte. "Colaboraram juntos algum tempo, e José considerava-o um ser humano de uma qualidade extraordinária. Ele não queria que a biblioteca de Vasco Gonçalves - ainda por cima são os seus livros anotados - se dispersasse por respeito a um homem fundamental na revolução democrática e que foi muito mal interpretado por interesses muito concretos", afirma Pilar del Río.









domingo, 10 de junho de 2012

terça-feira, 5 de junho de 2012

O Valente Soldado Chvéïk


título: O Valente Soldado Chvéïk
autor: Jaroslav Hasek

edição: Ulisseia
n.º/ano de edição: 1.ª - 1971

n.º pág.: 187
formato: 11.5x18cm

Uma obra-prima da literatura universal, só comparável ao “Dom Quixote”, de Cervantes, ou ao “Gargantua” e “Pantagruel”, de Rabelais. Trata-se de uma das mais profundas e saborosas sátiras ao militarismo. O manhoso soldado Chvéïk, irmão espiritual de Sancho Pança, tornou-se, como escreveu Marc Vey, um dos tipos da literatura universal.

150 anos de Debussy

150 anos de Debussy

MOSTRA
14 Maio - 30 Junho
Sala de Referência
Entrada livre

No ano em que se celebram os 150 anos do nascimento de Claude Debussy, a Biblioteca Nacional de Portugal promove uma mostra bibliográfica, integrada no programa Música na Biblioteca 2012, onde podem ser vistas partituras e publicações referentes ao compositor.

Achille-Claude Debussy nasceu a 22 de Agosto de 1862, em St-Germain-en-Laye, França. Teve as primeiras lições de piano aos sete anos e ingressou no Conservatório de Paris, em 1872, onde estudou piano com Marmontel e solfejo com Lavignac, tendo também frequentado as aulas de harmonia de Durand. A sua reputação era a de um pianista excêntrico e rebelde em questões de harmonia e teoria.

No Verão de 1880 foi contratado por Nadezhda von Meck, patrona do compositor russo Tchaikovski (1840-1893), para ensinar piano aos seus filhos, o que lhe permitiu viajar por Itália, Áustria e passar temporadas, com ela e sua família, na sua propriedade na Rússia durante dois anos seguintes.

Ganhou em 1884 o Prix de Rome, uma competição para compositores, com a sua cantata L’enfant prodigue. Passou dois anos na Villa Medici, em Roma, onde conheceu Liszt, Verdi e Boito e onde ouviu primeira vez o Lohengrin de Wagner. Foi aos Festivais de Bayreuth de 1888 e 1889, mas o concerto de gamelão javanês que ouviu na Exposição de Paris de 1889 constituiu uma influência musical ainda maior. Outras influências desses anos foram a amizade que travou com Erik Satie, com os pintores do movimento impressionista e, mais importante, com escritores e poetas como Mallarmé e os simbolistas. Cultivou uma face distinta da música francesa, classificando-se estilisticamente como “musicien français”.

Em 1893 começou a trabalhar na ópera Pelléas et Mélisande, baseada na peça homónima de Maeterlinck e foram executados os seus quartetos de cordas, e no ano seguinte a estreia de Prélude à l’après-midi d’un faune causou escândalo pela sua alegada não formalidade. Seguiram-se os 3 Nocturnes, planeados originalmente para violino solo e orquestra, executados em 1900 e 1901 e dedicados a Rosalie (Lily) Texier, com quem casou em 1899. Em 1904, Debussy deixou Lily para viver com Emma Bardac, uma cantora relativamente abastada e com quem acabaria por casar em 1905. O desafogo financeiro tornou-o mais produtivo e durante esses anos escreveu alguns das suas obras mais significativas para orquestra como La Mer (1905) e Ibéria (1908), e para piano solo como 3 Images (1905-1912), a suite Children’s Corner (1908), dedicada à sua filha Claude-Emma (Chouchou), e os 12 Preludes (1910-1912).

As peças de Debussy dos anos seguintes mostram algumas mudanças no estilo. Têm um apelo menos imediato e são de mais difícil abordagem. O surgimento de outros compositores levou também a um declínio no interesse pelas suas obras: a estreia do seu bailado Jeux, a 15 de Maio de 1913, foi de certo modo ofuscada pela de Le sacre du printemps, de Igor Stravinsky (1882-1971) apenas duas semanas depois. Debussy pode ter-se ressentido da chegada do jovem compositor à cena.

Quando compôs estas obras, Debussy encontrava-se já doente, sofrendo de cancro terminal. Completou apenas três de um grupo de seis peças "para vários instrumentos" (1915-17) antes de morrer em Paris, a 25 de Março de 1918.

Compositor, pianista e crítico musical, Debussy foi um dos músicos mais importantes do seu tempo e a sua estética musical representa a influência mais poderosa sobre os desenvolvimentos internacionais musicais durante o longo período de fin de siècle, com profunda influência nas gerações futuras de compositores. Recebeu o rótulo de impressionista que, embora correcto, tem de certa forma obscurecido o forte sentido de forma em que baseou todas as suas obras. Afastou-se decisivamente da estética Wagneriana com a sua única ópera, utilizou blocos de acordes, harmonia com gosto modal e escalas de tons inteiros, um delicado colorido orquestral e uma sonoridade “submersa”, um estilo declamatório (e no entanto profundamente lírico) na sua escrita coral.