sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Agostinho da Silva e a caminhada do homem.




Agostinho da Silva identificava no processo histórico uma caminhada crescente e contínua para uma dessacralização da civilização humana. Se o homem primitivo colocava um Mito em todas as parcelas do seu comportamento e da sua presença no Mundo, a aparição da Escrita, da Cultura material e o prosseguimento de uma caminhada de crescente materialismo, de desenvolvimento tecnológico e do conhecimento da Natureza e do Meio foram dessacralizando o Mundo, até levar ao Positivismo e ao Cientismo modernos, em que a própria Ciência assume estatutos e atitudes para-religiosas, numa vã e global tentativa de tudo explicar. A aparição do Cristianismo, forjado a partir de uma matriz dupla: hebraica e helenística, representa neste contexto uma tentativa de inversão deste processo, já que um dos seus dogmas centrais era precisamente o da unidade entre o Sujeito (o Homem) e o Mundo (a Criação). Este regresso ao “mundo mítico” do Homem primitivo advogava o regresso à comunhão com a Natureza, a uma atitude contemplativa e ascética, não mais a uma atitude e presenças activas e operadora, e declarava a chegada iminente de um novo Tempo em que estas formas de viver seriam alargadas a todo o corpo social e a toda a Criação.

Este momento seria aquele em que o Homem encontraria o seu estado original, e se encerraria o ciclo de tornar a fazer o Homem um “poeta à solta”, plenamente libertado de todas as cangas impostas pelas industrialização e pela agricultura, tarefas que as máquinas já hoje podem cumprir quase integralmente e concretizando a U-Topia no interior de todos nós, sob a forma do “Imperador do Espírito Santo” que vive em potencia na criança, que, em potencia, se mantem viva na nossa mente, prisioneira de anos de “Educação” escolástica e castradora mas… sempre viva e pronta a despertar, logo que surjam as devidas condições para a explosão desse nosso “Quinto Império” pessoal…

E assim se fecha o “Eterno Retorno” do Homem até si mesmo…

Fonte principal:

BRAZ TEIXEIRA, ANTÓNIO “Agostinho da Silva e o pensamento russo: algumas convergências e afinidades.”

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