quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Julio Resende 1917-2011, ou. Esta coisa do desenho , é do caraças.



O pintor Júlio Resende, um dos grandes nomes do neo-realismo, morreu esta quarta-feira, em Valbom, Gondomar, aos 93 anos. O corpo do artista está em câmara-ardente na igreja paroquial de Valbom.

Júlio Resende, nascido no Porto a 23 de Outubro de 1917, frequentou as Escolas de Belas-Artes do Porto e de Paris, tendo iniciado a sua actividade artística como ilustrador em semanários infantis e na imprensa diária ainda quando era jovem.

Em 1946, ano em que apresentou a sua primeira exposição em Lisboa, José Resende obteve uma bolsa de estudo no estrangeiro do “Instituto para a Alta Cultura”, tendo sido nesta sua passagem pela Europa, em especial por Paris e Madrid, onde teve contacto com as obras de Picasso e Goya, que Júlio Resende despertou para a pintura abstraccionista.

"Mas eu queria, efectivamente, ser pintor! Talvez o destino me tenha proporcionado o primeiro passo. Aurora Jardim, figura conhecida nos meios literários e jornalísticos do Porto, intercedera junto do pintor Alberto Silva que dirigia, então, a Academia Silva Porto, para que eu viesse a frequentar as lições de pintura aí ministradas. Comprei a primeira caixa de tintas «a sério», e aprendi a colocar as cores na paleta, segundo as boas regras", escreveu o pintor, no site Lugar do Desenho – Fundação Júlio Resende, instituição onde está reunido um espólio de cerca de dois mil desenhos que Júlio Resende reuniu ao longo da sua carreira.

Na década de 1950, o pintor fixa-se no Porto, partilhando o tempo entre a arte e o ensino. Por influência da região, a gente do mar passou a constituir o tema dominaste da sua pintura, tendo apresentado a sua obra em exposições individuais em países como Espanha, Bélgica, Noruega e Brasil. Por vários anos, foi o representante de Portugal em exposições colectivas nas Bienais de Veneza, Ohio, Londres, Paris e São Paulo, nesta última destacando-se em 1951, quando venceu o Prémio Especial da Bienal. Em 1959, volta a surpreender, conseguindo uma menção honrosa, e dez anos depois, vence o Prémio Artes Gráficas na Bienal de Artes de S. Paulo, com ilustrações do romance "Aparição".

Nos anos 1960, Resende interessou-se ainda por projectos de decoração e arquitectura, colaborando na decoração do Palácio da Justiça de Lisboa, para onde realizou seis painéis em grés. No Porto, criou dois painéis cerâmicos para o Hospital de São João e ainda o gigantesco painel de azulejos "Ribeira Negra" existente à saída do tabuleiro inferior da Ponte de D. Luís I. Os painéis acabariam mesmo por se tornarem num dos seus trabalhos mais apreciados.

Júlio Resende foi nomeado Membro da Academia Real das Ciências, Letras e Belas-Artes Belgas, em 1972, e em 1982 recebeu as insígnias de Comendador de Mérito Civil de Espanha atribuídas pelo Rei de Espanha.

Em Portugal foi distinguido com o Prémio AICA (Associação Internacional de Críticos de Arte) em 1985.

Alguns dos trabalhos de Júliuo Resende estão em exposição na galeria Baganha, no Porto, que representou o pintor Júlio Resende nos últimos três anos.

Sem comentários:

Enviar um comentário