quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A Abóbada


A Abóbada é uma das Lendas e Narrativas de Alexandre Herculano. Localiza-se no ano de 1401, tendo por assunto a construção do Mosteiro da Batalha, mais concretamente, a construção da abóbada da casa do capítulo do Convento, pelo arquitecto Afonso Domingues, que a delineou, e que, apesar de cego, a concluiu, depois das obras terem sido entregues ao arquitecto Huguet e de este não ter conseguido o seu intento.

A lenda está dividida em cinco capítulos: O Cego, Mestre Huguet, O Auto, Um Rei Cavaleiro, O voto fatal.

Segundo esta lenda, Afonso Domingues quis morrer na célebre sala, em cumprimento de um voto fatal, embora não sem antes concluir com a célebre frase: “A Abóbada não caiu, a abóbada não cairá!”
Alexandre Herculano que, além de insigne escritor, foi também um notável historiador, conhecia um relato mais antigo que o inspirou. Na sua História de S. Domingos, de 1623, Frei Luís de Sousa regista uma história que os frades da Batalha então contavam: a abóbada da casa do capítulo fora levantada por três vezes; das primeiras duas vezes, caiu com grande perda de vidas, ao serem retirados os cimbres; da terceira, o rei mandou chamar, de várias prisões do reino, criminosos sentenciados a penas pesadas, com o compromisso de os libertar, caso a abóbada não os consumisse.
Herculano acrescentou um ponto a este conto, distinguindo o arquitecto português do estrangeiro, num momento de afirmação nacionalista da cultura portuguesa.
Na verdade, sabe-se hoje que a abóbada da Casa Capitular não é da autoria de Afonso Domingues, mas sim de Huguet, tendo podido ser, eventualmente, reconstruída por Martim Vasques pois acredita-se que a lenda tenha um fundo de verdade.
                                   


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