sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Bom ano de 2011








Se se considera um sofredor sem sorte, não se esqueça que há no mundo quem sofra muito mais que você.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A sensibilidade de um grande escritor africano.


O mendigo Sexta-Feira, jogando no Mundial

(...) O que me inveja não são esses jovens, esses "fintabolistas", todos cheios de vigor. O que eu invejo doutor, é quando o jogador cai no chão e se enrola e rebola a exibir bem alto as suas queixas.
A dor dele faz parar o mundo. Um mundo cheio de dores verdadeiras pára perante a dor falsa de um futebolista. As minhas mágoas que são tantas e tão verdadeiras e nenhum árbitro manda parar a vida para me atender, reboladinho que estou por dentro, rasteirado que fui pelos outros. Se a vida fosse um relvado, quantos penaltis eu já tinha marcado contra o destino?

(...) Mia Couto,
in O fio das Missangas

A Escola o Homem e a Máquina


É além de tudo essencial que a escola se não separe do mundo; não há escolas e oficinas; há um certo género de oficinas em que trabalham crianças nas tarefas que lhes são adequadas e lhes vão facilitando o desenvolvimento do corpo e do espírito; vão colaborando no que podem e no que sabem para que a vida melhore. Ninguém fugirá da escola e a olhará como um horror no dia em que a deixemos de conceber como o lugar a que se vai para receber uma lição, para a considerarmos como o ponto de condições óptimas para que uma criança efectivamente dê a sua ajuda a todos os que estão procurando libertar a condição humana do que nela há de primitivo; não se veja no aluno o ser inferior e não preparado a que se põe tutor e forte adubo; isso é o diálogo entre o jardineiro e o feijão; outra ideia havemos de fazer das possibilidades do homem e do arranjo da vida; que a criança se não deixe nunca de ver como elemento activo na máquina do mundo e de reconhecer que a comunidade está aproveitando o seu trabalho; de número na classe e de fixador de noções temos de a passar a cidadão.
O grande educador não pensa na escola pela escola, como o grande artista não aceita a arte pela arte; é incapaz de se encerrar na relativa estreiteza de uma vida de ensino; a escola, de tudo o que lhe oferecia o universo, é apenas o ponto a que dedicou maior interesse; mas é-lhe impossível furtar-se a mais larga actividade. De outro modo: trabalha com ideias gerais; não dirá que esta escola é o seu mundo, mas que esta escola é parte indispensável do seu mundo. E quererá também que toda a oficina passe a ser uma escola; que haja o trabalho proporcionado e alegre, amorosamente feito, porque se sabe necessário ao progresso, levado a cabo numa atitude de artista e de voluntário, disciplinado remador na jangada comum; que se não esmaguem as faculdades superiores do operário sob o peso e a monotonia de tarefas sem interesse e sem vida; que se faça a clara distinção entre o homem e a máquina; que, finalmente, se ajude o trabalhador a encontrar na sua ocupação, em todas as ideias que a cercam e a condicionam ou que ela própria provoca, o Bem Supremo da sua vida e da vida dos outros.

Agostinho da Silva, in 'Considerações'

Tolerância às Opiniões


Tolerância às Opiniões

Para que os homens possam sentir-se felizes com a minha companhia, é necessário antes de tudo que eu tenha a grande força de ver como prováveis as opiniões a que aderiram, desde que as não venham contradizer os factos que posso observar; não devo supor-me infalível; não devo considerar-me a inteligência superior e única entre o bando de pobres seres incapazes de pensar; cumpre-me abafar todo o ímpeto que possa haver dentro de mim para lhes restringir o direito de pensarem e de exprimirem, como souberem e quiserem, os resultados a que puderam chegar; de outro modo, nada mais faria de que contribuir para matar o universo: porque ele só vive da vida que lhe insufla o pensamento poderoso e livre.

Agostinho da Silva, in 'Diário de Alcestes '

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Julião Sarmento





Pintor português, formado em Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (1974-1976), Julião Sarmento nasceu em 1948, em Lisboa e começou a sua carreira durante a década de 70, optando então pela figuração: de entre as suas primeiras obras sobressaem pinturas que representam animais exóticos, enquadrados de uma forma que já fragmentava a figura pintada. A primeira exposição individual ocorreu na Sociedade Nacional de Belas-Artes. Foi influenciado inicialmente pela pop art na medida em que o meio de trabalho, para a pintura de Sarmento, ou eram imagens tiradas dos jornais ou a fotografia, que, por vezes, era tão importante quanto o filme. Isto é verdade mesmo nos casos em que uma fotografia transferida para a tela era utilizada apenas como um de muitos elementos compositivos.
Contudo, Sarmento soube preservar a sua identidade plástica determinante para se afirmar no contexto da pintura internacional.
A obra de Sarmento viria a adquirir pleno sentido e entendimento durante a década de 1980, em que regressou à pintura, depois de uma fase mais marcada pela fotografia e pelo cinema. Para além das diversas fases por que passou, e das diferentes técnicas utilizadas - pintura, desenho, fotografia, vídeo, cinema, escultura - uma constante se identifica: o desejo. Esse desejo é, em primeiro lugar, o desejo de um corpo, forçosamente feminino, que se desenha incompletamente por sobre as superfícies texturadas a branco ou verde. Mas é também a fragmentação de imagens que surge nas obras dos anos de 1980 (como, por exemplo, Estratégias de Sobrevivência , de 1984, ou Mehr Licht , de 1985). A referência ao desejo não implica, necessariamente, na obra de Sarmento, a representação de figuras ou situações explicitamente sexuais. A partir do fim desta década, a sua pintura adquire fundos extremamente texturados. Sobre estes fundos, inscreve-se uma figura ou uma cena, ou ainda fragmentos de diversas figuras, sempre por completar, sempre com uma sugestão de contida violência que nunca é realizada: são as séries das Pinturas Brancas e Emma .
Sarmento tem conduzido uma carreira internacional a partir da sua residência em Sintra, foi o único representante de Portugal na 47.a Bienal de Veneza (1997), onde voltou a expor em 2001, e das suas exposições individuais salientam-se: Werke 1981-1996 (1997), Haus der Kunst , Munique; Fundamental Accuracy (1999), Hirshhorn Museum e Sculpture Garden , Washington D.C.; Flashback (1999), Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia , Palacio de Velázquez, Madrid; Something is Missing (2002), Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto (com Atom Egoyan).
A sua obra está presente nas colecções do Museum of Modern Art e do Solomon R. Guggenheim Museum , Nova Iorque, do Hirshhorn Museum , Washington, do Centro Georges Pompidou, Paris, do Hara Museum of Contemporary Art , Tóquio, assim como da Staatsgalerie Moderner Kunst , Munique.

José Gil - Em Busca da Identidade - O Desnorte



José Gil prossegue neste livro a sua investigação sobre os processos individuais e colectivos de subjectivação em Portugal.
Quais são esses processos neste período marcado pela globalização, a crise económica e a hegemonia política do PS?
Que formas assume essa subjectivação quando «a falha de sentido que as promessas por cumprir do 25 de Abril não conseguiram colmatar» foi suprida por antigos hábitos e «mentalidades»?
Reinventando conceitos de Ferenczi e Foucault no sentido de uma abordagem original, José Gil mostra como os portugueses tentaram conquistar «formas de subjectivação individuais em desfasamento ou inadequação aos quadros de vida colectiva que se iam edificando progressivamente».
O autor de Portugal Hoje: O Medo de Existir considera que «fizemos da identidade o território da sujectividade» e «esforçamo-nos por resistir ao "fora" que aí vem, do exterior ou do interior, que ameaça destruir as nossas velhas subjectividades». Em sua opinião, a única maneira de remover o obstáculo da «identidade» é «deixarmos de ser primeiro portugueses para poder existir primeiro como homens».
É à luz dessa preocupação que se analisa o discurso dos actuais governantes que consideram que Portugal entrou «num processo irreversível de modernização», um discurso «anti-ideológico e de via única» em que a avaliação «surge como método universal de formação de identidades».
José Gil aborda em particular o «chico-espertismo» enquanto fenómeno que atravessa todo o «tipo de subjectividade da nossa sociedade, sendo transversal a todas as classes, grupos, géneros e gerações

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A Queda da Monarquia de Maria Filomena Monica



No clima apocalíptico do fim do século, a profunda intolerância dos costumes nacionais ressuscitou. Portugal era uma nação antiga e homogénea, com fronteiras fixas há muito, onde só se conhecia uma língua e se praticava uma religião, um pais pouco propicio a discussão racional, ao debate calmo, ao pluralismo. Com a crise de 1890, o clima harmónico da Regeneração desapareceu. Ao modificar o sistema politico num sentido repressivo, a Monarquia conseguiu suster, provisoriamente, a maré de descontentamento. Mas, quando chegou o momento decisivo, ninguém quis morrer por ela.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O grande feito de Camões






“O grande feito do Camões foi contar o que se passava na Ilha dos Amores e não tirar conclusão nenhuma. Nenhuma! (…) Ele não diz o que fizeram esses marinheiros depois de terem aquela experiência extraordinária de terem vivido na Ilha dos Amores. Chegaram a Lisboa, o que é que fizeram? Não se sabe nada. Camões estava cansado? O Vieira não aconteceu assim. Quando ele pensou assim uma Ilha doa Amores, afora isso deve ser dito para o mundo inteiro. Homem porque o Homem deve apaziguar o seu corpo e ouvir o que já não a voz da Deusa, mas a voz do Universo, pensar a sua essência.”

“Para que essa Ilha dos Amores possa existir, que o Homem possa entender que o Capitalismo existe não para ficar continuamente, ter mais lucro, descontando mais juros e pagando mais dívidas ou pedindo mais dinheiro emprestado mas para terminar num ponto em que a Economia desapareça completamente, em que haja tudo para todos.
Agostinho da Silva

Uma actuação brilhante































A Orquestra de Djambes do Projecto 12-15 da Escola Intercultural da Amadora e as suas bailarinas actuaram na passada sexta feira na festa de Natal que a Cais organiza todos os anos no Martim Moniz em Lisboa.
A actuação correu com um enorme sentido de responsabilidade, tendo momentos de rara beleza rítmica e plástica, com o publico a participar e a corresponder com muitos aplausos.
Tal como aconteceu no ano passado os sacos do pão para todos tinham o programa dos espectáculos, onde a nossa orquestra figurava ao lado de nomes bem conhecidos do grande publico.
A novidade foi que este ano o evento também se realizou no Porto, o que quer dizer que o nome da nossa Escola andou também pelas mãos das gentes do Norte.
As programações destes espectáculos, foram bastante divulgados pela imprensa e através da publicidade espalhadas pelas duas cidades .Quem levou pão para casa levou também o nome do Projecto 12-15 ,e segundo a organização foram feitos cerca de trinta mil sacos de papel para cada cidade.
Mais uma excelente imagem do alunos e da Escola Intercultural que nos orgulha a todos.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Francis Bacon, o dedo na ferida através da pintura.





Francis Bacon

Pintor autodidacta, Francis Bacon nasceu em Dublin em 1919, de pais ingleses, e viria a morrer em Madrid, a 28 de Abril de 1992. Nunca recebeu uma educação artística formal, contentando-se, segundo as suas próprias palavras, em "experimentar". A influência de Picasso (que viria a criticar) e da estética cubista faz-se sentir nos primeiros trabalhos. Instalou-se em Londres como decorador de interiores, mas privilegiando sempre a pintura. Em 1933 a sua Crucificação ilustrava o livro de Herbert Read Art Now. Pintou muitos trabalhos em série, a partir de fotografias por vezes rasgadas e amarrotadas, que acumulava no chão, de animais selvagens, de combates de boxe, de futebolistas. O retrato de Inocêncio X de Velásquez viria a tornar-se uma obsessão na sua obra. Nos anos 50 pintou uma série de telas inspiradas nas máscaras de William Blake e na pintura de Van Gogh. As figuras são solitárias, sofredoras, anómalas, deformadas, vorazes. Tratava-se de ir mais longe do que a mera representação ou narração pictural. Para Bacon, tratava-se de reencontrar a sensação. Durante muito tempo o seu objectivo foi o de capturar a expressão instintiva e animal da dor. Dor e violência enquanto confrontos com a vida e com a morte: em Tríptico em homenagem a George Dyer (1971) a morte atinge-o pessoalmente. Para classificar a sua pintura usaram-se adjectivos como visceral, alucinante, brilhante, chocante, visionária. Enquanto artista, viveu a compulsão de rasgar o véu das aparências.

A Assembleia Geral de Orientação do Projecto 12-15




Realizou-se ontem no Projecto 12-15 a ultima Assembleia Geral de Orientação deste período lectivo.
Os alunos continuam a mostrar interesse na resolução dos problemas do dia a dia da sua Escola.
Foi uma assembleia muito participada havendo diversos diálogos interessantes entre os alunos e os diversos representantes que compunham este evento. Entre todos fez-se o balanço do referido período com conclusões que se podem considerar muito uteis e positivas.
A todos um bom Natal e um feliz Ano Novo.