sexta-feira, 27 de julho de 2012

A Herança dos Templários


A Herança dos Templários apresenta-lhe a história secreta e ignorada dos séculos fundamentais da Idade Média peninsular. Neste livro encontrará reunida a experiência que o autor, prestigiado investigador da área, acumulou ao longo de anos, sistematizando com novas contribuições as suas apaixonantes teses. Esta obra aborda temas indispensáveis para a compreensão do mistério dos Templários.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Alunos de jardinagem e espaços verdes visitaram no passado dia 19 a Quinta da Regaleira e de Monserrate em Sintra


























O Culto do Espirito Santo em Portugal

O CULTO DO ESPIRITO SANTO EM PORTUGAL - UMA CONTRIBUIÇÃO ETNO-HISTÓRICA


por Antonio Jose Menezes

O culto português do Espírito Santo não tem equivalente no mundo católico. Era específico da Estremadura e das Beiras (em 1928, o bispo da Guarda proibiu os católicos de participar nas «folias» do Espírito Santo, as confrarias que mantinham o culto). O culto está mais próximo da religião judaica do que do Novo Testamento. Os judeus beirões do princípio do séc. XX diziam «O Espírito Santo é nosso, não é deles [católicos]» (1) . De facto, conhecendo os textos que eram lidos nas sinagogas portuguesas no Dia de Pentecostes (Bíblia, Talmude e Zohar) concluímos que este culto foi cripto-judaico. O Talmude é uma colectânea de comentários bíblicos; o Zohar (ou Livro do Esplendor) é um texto exotérico atribuído ao rabi ibérico Moisés Maimónides, são textos ricos em espiritualidade e em devaneios messiânicos e esperancistas. O culto do Espírito Santo pode ter sido uma teatralização dos temas referidos nos textos lidos nas sinagogas nesse dia: proibida a religião judaica, esses temas passaram a ser encenados numa festa de rua, cripto-judaica, difarçadamente católica (2) …

Convém contradizer o mito erudito segundo o qual foi Santa Isabel quem instituiu este culto, em Alenquer. Os cultos não foram instituídos pelos reis nem pelas princesas (isso é dos contos infantis). Têm origem em dinâmicas espirituais e simbólicas, em sobreposições de cultos e de calendários, e na criatividade popular. Há capelas e referências a confrarias do Espírito Santo anteriores à Rainha Santa, nomeadamente em Santarém (3). No entanto, pode um monarca ou uma princesa ter aderido preferencialmente a um culto específico, mas isso não era razão suficiente para que ele se impusesse.

A actual expressão Espírito Santo refere-se à terceira pessoa da Trindade cristã. No entanto, ela é a tradução do hebraico Ruah Kadosh que significa «espírito (ou sopro) santo, divino». No Antigo Testamento a expressão aparece centenas de vezes para significar as «manifestações de Deus»: criador, provedor da sabedoria, inspirador da mente… Os judeus não podem pronunciar o «nome próprio» do Deus bíblico (que nós dizemos Yahwé), pelo que nomeiam-no pelos seus atributos: o Divino, o Senhor, o Bendito, o Espírito Santo…

ORIGEM BÍBLICA – O dia do Espírito Santo é no domingo de Pentecostes que, em grego, significa «50 dias» (7 semanas, depois da Páscoa). Mas a festa é do Antigo Testamento, instituída por Deus: «A partir da Páscoa contarás 7 semanas. Celebrarás a festa das Semanas em honra de Yahweh teu Deus. E levarás ofertas em proporção com o que o teu Deus te deu. Na presença de Yahweh divertir-te-ás, tu, os teus filhos e teus servos, os sacerdotes e os estranhos, as viúvas e os órfãos que vivem no teu meio» (Deuteronómio 16: 8-11). A Páscoa era (como hoje) a primeira lua-cheia depois do equinócio da Primavera. Uma festa à deusa-Lua. O 7 é um número sagrado de carácter lunar (as fases da lua duram 7 dias) e significa «completude», «plena realização». Segundo os historiadores da Bíblia, os hebreus adoptaram da religião dos cananeus (fenícios) a sua festa do Pentecostes – tal como a Páscoa que era uma festa à primeira Lua-cheia da Primavera. O culto da Lua transferiu-se para o Deus bíblico. Jesus também se deslocou com os seus discípulos a Jerusalém para a celebração do Pentecostes, donde a festa cristã.

Nos primórdios bíblicos, era uma festa agrária; chamava-se festa das Semanas, das Ceifas, da Fartura… Depois adquiriu a simbólica da Aliança entre o povo e Deus: festa do Dom da Lei, da Renovação da Aliança ou dos Juramentos.

FESTA DAS CEIFAS – Nas sinagogas portuguesas, neste dia lia-se o Livro de Rute, sendo Rute uma estrangeira que foi avó de David donde provirá o Messias. A acção do livro desenrola-se nas ceifas e numa eira. O livro também lembra a obrigatoriedade da solidariedade social: Rute, imigrante e pobre, foi encontrada a respigar os restos duma ceifa e teve os favores do proprietário; os dois uniram-se durante a noite, na eira. Na memória colectiva dos beirões, «a festa do Espírito Santo é por ocasião das ceifas ou do corte dos fenos», e na região de Viseu «é quando começa a secar a raiz ao pão [= trigo]». O Pentecostes foi a festa das Ceifas.

A POMBA – O ícone do culto é uma pomba que, para os cristãos, representa o Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade. No entanto, nos comentários da sinagoga, a pomba representava a «Shekina de Deus» (a sua «face maternal») que cobre com as suas asas os eleitos. Rute, que era estrangeira, foi acolhida «sob as asas da Shekina», como uma ave cobre as crias; Também se referem a «duas pombas»: a que já veio (o rei David) e a que há-de vir (o Messias). Num dialecto bíblico (aramaico), «Deus» diz-se Yahu que também significa «pomba». Max Weber (sociólogo, mas também historiador do judaísmo antigo) diz que a pomba «é o símbolo de Israel perseguido» e que, no Talmude, é considerada a «mensageira do Espírito divino» (4) . Diferentemente disso, o Espírtito Santo que, no Pentecostes, desceu sobre os apóstolos no cenáculo representou-se por «línguas de fogo», não por uma pomba. Portanto, a Pomba é mais cripto-judaica do que cristã.

O REI ou IMPERADOR – Em algumas freguesias do Litoral (e em Sintra/Penedo) a personagem central do culto é o «imperador ». Ele incarna o Divino. A figura de «rei» já se encontrava nas leituras da sinagoga e referia-se ao Messias-rei. Lia-se este texto: «[...] O rei que há-de vir é da descendêcia de David. O Espírito do Eterno [= Espírito Santo] falará por ele. A palavra de Deus estará na sua boca» (5) . A festa judaica do Pentecostes também era a «festa da Realeza» (de Deus, de Israel ou do Messias) ou da Renovação da Aliança. Os comentários referiam-se à ascendência do Messias (Rute foi avó do rei David donde provirá o Messias judaico) e ao Messias-rei. Entre os judeus da Diáspora, o Pentecostes também se chamou «festa da Realeza de Israel, de Deus ou do Messias». O costume de eleger ou nomear um «rei» para presidir a um bodo ou refeição ritual também se encontra em documentação profana antiga, nas comunidades judaicas da diáspora, fenícias (cananitas) e púnicas (6) .

A COROA – O pendão da festa contém uma coroa. Nos comentários da sinagoga, a coroa era a Aliança entre o povo e Deus. «Desceram do céu duas coroas: uma pela promessa de cumprir (por parte do povo) e outra pela promessa de realizar (por parte de Deus). Na corrente judaica da Cabala, na essência de Deus há dez esferas, duas das quais têm o nome de «coroas». Moisés Cordobero, judeu ibérico (séc. XII), diz que a esfera inferior é «a própria Shekina», a «filha do Rei», que se exilou com o povo de Israel e à qual os fiéis que praticam os preceitos da Promessa se unem como numa relação conjugal» (7) . A festa do Espírito Santo de Tomar também se chama «Festa da Coroa».

BODO – A festa do Espírito Santo é, fundamentalmente, um bodo de pão. Oferece-se pães, ou uma farta refeição de carne, a quem vier – um dos mais belos ritos populares. Diz-se em muitos sítios que este bodo é em «cumprimento duma promessa antiga» que fez a povoação para se ver livre duma praga agrícola ou duma epidemia. A «promessa antiga» pode ser a «Antiga Aliança» firmada no Sinai entre Deus e o povo eleito. O bodo já vem na Bíblia, referido várias vezes para o Pentecostes: «Trareis das vossas casas o pão que será oferecido em gesto de apresentação [...]. Oferecereis, além do pão, sete cordeiros de um ano, um novilho [ou touro, segundo as traduções] em holocausto a Yahweh [...]. É uma lei perpétua para os vossos descendentes onde quer que habiteis» (Levítico 23:15-22) ». E: «Farás sacrifícios de comunhão [= ágapes, bodos] que tu comerás aí mesmo; e tu divertir-te-ás na festa na presença do teu Deus. Escreve nestas pedras todas estas palavras, grava-as bem» (Deut. 27:7-8). Note-se a ordem: «grava bem estas palavras», um preceito importantíssimo… Os bodos rituais são um modo de renovar as boas relações entre habitantes vizinhos, entre tribos vizinhas e entre o povo e o seu Deus.

TRADIÇÕES EXOTÉRICAS – O conceito de «Espírito Santo » é muito fértil em devaneios místicos e em teorias espiritualistas. Em hebraico, ruah tanto significa «vento» como «espírito». Jesus disse: «O vento [ou o Espírito] sopra onde quer, assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito [ou do vento]» (João 3:8). No conceito «Espírito Santo» cabem muitos projectos religiosos: inspirações proféticas, ideais messiânicos, mistérios simbólicos, segredos iniciáticos… No culto beirão encontramos, em 1960, a menção da transmissão dum segredo: o mordomo cessante transmitia um segredo ao sucessor, ambos fechados na capela, mas cujo conteúdo se desconhece (porque era segredo…). Segundo um autor espanhol, nas sinagogas sefarditas (de origem ibérica) da Tessalónica (Grécia) onde ainda se fala português, por volta de 1950, durante as cerimónias do Pentecostes os fiéis formavam uma procissão com a Bíblia e pronunciavam mutuamente ao ouvido «um segredo» que consistia na palavra «arroz» (8) . Ora, dizemos nós, o observador espanhol pensou ouvir a palavra «arroz» quando o que os judeus diziam era a palavra aramaica «rôz» que quer dizer «segredo»… Nas comunidades judaicas dos Essénios (a que, segundo alguns, Jesus e João Baptista pertenceram), os novos adeptos eram iniciados na festa do Pentecostes e a quem era lido o capítulo III do Livro bíblico de Habacuq que começa assim: «Yaweh, eu aprendi o teu nome! Yaweh, eu temo a tua obra! Fá-la reviver no nosso tempo!…». Quer dizer, aprendiam a pronúncia exacta do nome do Deus bíblico – yahweh – que os leigos (como nós…) desconhecem ou pronunciam arbitrariamente (Yaweh, Yauwa, Javé, Jeová…). Nas sinagogas ibéricas, o santo nome era ensinado pelo rabi ao iniciado, ao ouvido, no meio de grande algazarra da assistência (para que ninguém mais pudesse ouvir).

TOURADAS – O abate de touros era frequente – e necessário – no adro do templo de Jerusalém (tal como noutros templos do Médio Oriente) para holocausto à divindade e para o bodo do povo. O nosso culto do Divino associa-se a touradas. No séc. XVI as confrarias do Espírito Santo (ou «do Bodo») de Leiria possuíam reservas ou estábulos para garantir carne para o bodo, e havia touradas «com reses bravas». As touradas ibéricas podem vir desse ritual de sacrifício. A função dos nossos forcados pode vir do acto corajoso de pegar no touro pelos cornos a fim de o sacrificador poder espetar o cutelo. As capelas portuguesas – tal como o Templo de Jerusalém – foram pólos de arraiais taurinos. E vimos que a alegria era obrigatória: «Divertir-te-ás na festa, tu, os teus filhos, os teus servos e os estrangeiros que moram no teu meio»… Nas religiões do Médio Oriente, o Criador podia ser representado por um touro. O Deus bíblico também foi representado, na Samaria, por um touro, tendo até sido encontrada uma inscrição com a expressão «oghel yaou» (o bezerro é Yahweh) (9) . O Deus-touro agradava-se com sacrifícios de touros.

O culto do Espírito Santo é dos mais belos elementos do património imaterial português. A ausência de dogmatismo e de liturgias autoritárias permite que o culto seja espiritualmente fértil («o espírito sopra onde quer»). É universalista, pode ser atribuído a qualquer divindade ou tendência espiritual, ecuménico e transcultural. Nas Beiras interiores desapareceu. No distrito de Leiria ainda se mantém em algumas Freguesias e Concelhos. Persiste com muito dinamismo nos Açores e por fim em Sintra- Penedo.

NOTAS:

1 – Leite de Vasconcelos, Etnografia Portuguesa, IV, Casa da Moeda, p. 223

2 – O Professor Doutor Moisés Espirito Santo, Tratou deste culto nas Beiras, detalhadamente, em Origens Orientais da Religião Popular Portuguesa, Assírio e Alvim 1988. Aqui limito-me a algumas referências

3 – Em Santarém: M.C. Rocha Beirante: Santarém Quinhentista, Universidade Nova de Lisboa, 1980, p. 134.

4 – Max Weber, Le Judaisme Antique, Paris, Plon, 1970, p. 536

5 – Ephémérides de l’année juive, Paris, C.L.K.H. 1981, n.º 4, pp. 409 e seguintes

6 – Bezalel Porten, Archives from Elephantine, pp.153-182.

7 – Moisés Cordobero, Le Palmier de Debora, Paris, Verdier, 1985, cap. IX.

8 – Michel Molho, Usos y costumbres de los Sefardies de Salónica, Madrid, Inst. Arias Montano, 1950, p. 225.

9 – Bertholet, Histoire de la civilisation d’Israel, Paris, Payot, 1929, p. 390

Os Jardins Iniciáticos

da Quinta da Regaleira



JOSÉ MANUEL ANES

Uma síntese actualizada das investigações do autor sobre esta Quinta maravilhosa, onde o Paganismo e o Cristianismo se harmonizam exemplarmente.

"A Quinta da Regaleira, com os seus jardins, poços, grutas e capela, sugere, pois, fortemente, um percurso iniciático (simbólico ou real) que une, de um modo coerente e evolutivo, os diversos locais simbólicos e míticos nela presentes, na perspectiva da Iniciação aos Mistérios em geral e de diversas iniciações esotéricas em particular: todas as que seguem esse ‘arquétipo’, isto é, o de um caminho que vai das Trevas à Luz."
José Manuel Anes
O presente livro faz uma síntese actualizada das investigações do autor sobre esta Quinta maravilhosa, onde o Paganismo e o Cristianismo se harmonizam exemplarmente, estudando-a a partir do ‘centro de gravidade’ que são os seus Jardins Iniciáticos, dos quais decorre a leitura da Regaleira no seu todo. Propõe-se também aos leitores, através do texto e da imagem, um percurso ‘iniciático’ pela Quinta – com referências às correntes literárias, religiosas, espirituais e esotéricas ocidentais –, convidando-os a uma vivência deste riquíssimo e fascinante imaginário que, para alguns, poderá ter ainda uma marcante dimensão espiritual.





terça-feira, 24 de julho de 2012

Álae dos Deuses na Quinta da Regaleira ,dispostos sequencialmente de Nascente para Poente.

 Hérmes/Mercurio
 Hefesto/Vulcano
 Dionisio
 Pan
 Deméter/Ceres
 Flora
 Afrodite
 Orfeu
Fortuna

quarta-feira, 18 de julho de 2012

“Pela Estrada Fora”, de Jack Kerouac

“Pela Estrada Fora”, de Jack Kerouac


Romance fundador da geração “beat”, “Pela Estrada Fora” é a viagem interminável de dois amigos pelas estradas perdidas da América do pós-guerra.

Raquel Ribeiro

Romance fundador da geração “beat”, “Pela Estrada Fora” é a viagem interminável de dois amigos pelas estradas perdidas da América do pós-guerra

Sal Paradise (alter-ego de Jack Kerouac) conta que decidiu sair de casa, em Nova Iorque, quando a universidade o desiludiu. Um dia, parte com 50 dólares no bolso para visitar Dean, que vivia em Denver. E assim começa “Pela Estrada Fora” (1957), romance de Jack Kerouac (autor de “Os Vagabundos do Dharma”, 1958, ou “Big Sur”, 1962) que marcou decisivamente o rumo da juventude americana na década de 60.

Qual Sundance Kid na companhia de Butch Cassidy, Dean e Sal partem em busca da América perdida no desfiladeiro do passado. Descobrem amigos de ocasião, bebem cerveja a rodos, fumam marijuana, dançam ao som do jazz de Nova Orleães e dão boleia a vagabundos de estrada, algures no deserto.

Jack Kerouac nasceu em Lowell, Massachusetts, em 1922. De origem franco-canadiana, cedo se tornou a estrela de futebol americano do liceu local, o que o levou a ser admitido na equipa da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, em 1940. Mas uma lesão levou-o a abandonar os relvados em plena época. O treinador não o quis de volta no ano seguinte e, após ver ameaçado o seu lugar na equipa, Kerouac abandonou a universidade e fez-se à estrada.

Não é por acaso que o seu personagem, Sal Paradise, se lança nas estradas secundárias da América em busca de novas experiências. Kerouac fez o mesmo, com os seus amigos de sempre, aqueles com quem um dia se cruzou em Nova Iorque e que viriam a dar origem à “beat generation”: Allen Ginsberg, William Burroughs e Neal Cassady. Esta geração deixaria marcas profundas na juventude americana do pós-guerra, subvertendo a ordem e os costumes americanos na esperança de uma nova liberdade.

Romance autobiográfico, em “Pela Estrada Fora” Dean Moriarty é Neal Cassady, Carlo Marx é Allen Ginsberg e Old Bull Lee é William Burroughs. Kerouac escreveu-o em três semanas, na Primavera de 1951, afogado em café e anfetaminas, que o mantiveram acordado durante dias. Diz-se que, para poupar tempo ao mudar as folhas da máquina de escrever, Kerouac arranjou um enorme rolo de papel e aí escreveu, ao longo de 36 metros, “Pela Estrada Fora”. O romance foi publicado em 1957 e cedo se tornou na narrativa fundadora da geração “beat”.

“Temos de ir e não podemos parar até chegarmos lá”, disse, um dia, Neal Cassady. Quando Kerouac lhe perguntou onde iam, respondeu: “Não sei, mas temos de ir até chegarmos lá.”




terça-feira, 17 de julho de 2012

Caravela

João Silva - Pintura 0,90x0,90 - Acrílico sobre tela

Paulo Borges - Uma visão armilar do mundo

Uma Visão Armilar do Mundo: a perfeição, plenitude e totalidade da esfera e, nas armilas, a interconexão de todos os seres e coisas, tradições e culturas, artes e saberes. Antes de ser emblema de D. Manuel I, eis toda a fecundidade simbólica da Spera Mundi, esfera e/ou Esperança do Mundo: ao invés do nacionalismo ou patriotismo comuns, a cultura portuguesa e lusófona converteria muros em pontes, fronteiras em mediações, limites em limiares, numa abertura ao universo, a todos os povos, nações, línguas, culturas e religiões. Uma visão integral do mundo, sem cisões, exclusões ou parcialidades. Numa era celebrada como multicultural, a Esfera Armilar surge como paradigma da reinvenção de Portugal como noção de todo o mundo, que vise o melhor para todos, uma cultura da paz, da compreensão e da fraternidade à escala planetária, abraçando a natureza, o homem e todos os seres sencientes

Tempos de Ser Deus

As comemorações do Centenário do nascimento de Agostinho da Silva, a nível nacional, lusófono e internacional, estão a sensibilisou-nos para a mensagem desassossegadora e libertadora deste grande despertador de consciências, que viu como a transformação profunda, a que aspira a insatisfação de hoje e de sempre, não deriva tanto das condições externas quanto da profunda mutação daquilo que é o próprio âmago do nosso ser e de toda a realidade - o espírito ou a mente -, de cuja metamorfose, individual e colectiva, depende toda a regeneração e aperfeiçoamento das nossas vidas, em todas as suas dimensões: ética, estética, intelectual, social, política e económica.

É como contributo para essa desejável metamorfose que publicamos aqui três estudos cuja unidade reside na expressão de três aspectos fundamentais da espiritualidade de Agostinho da Silva: a sua visão do absoluto ou de Deus como "Nada que é Tudo", a relação entre criatividade e mística e a sua original leitura do Espírito Santo como igualmente presente no íntimo de todos os homens e de toda a experiência religiosa, agnóstica e ateia, fundando um ecumenismo verdadeiramente universal onde todas as religiões, agnosticismos e ateísmos possam dialogar, como vias igualmente válidas para essa experiência culminante que descreve como a plena realização de si ou o "ser Deus".

Com uma visão ecuménica assumidamente católica, no sentido de uma universalidade de que o cristianismo é apenas uma das faces, anterior ao concílio Vaticano II e mais ampla do que aí e noutras religiões se consagra, o pensamento de Agostinho da Silva é um contributo fundamental para o diálogo inter-cultural, inter-religioso e trans-confessional que vê como a vocação maior da comunidade lusófona e do qual tão urgentemente depende a cultura de paz, interior e exterior, de que tanto carecemos.

Mas, acima de tudo, é uma sublime pro-vocação, que visa despertar-nos para a tomada de consciência, o exercício e a realização das nossas superiores possibilidades.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

A Escola Poliana de Leão Tolstoi




Obra de Leon Tolstoi com artigos reunidos sobre a Escola Yasnaia Poliana, fundada por ele em 1861.


Educar para libertar. Esse era o norte pedagógico de Liev Tolstói, um dos maiores nomes da literatura de todos os tempos, cujo livro Contos da Nova Cartilha é o resultado da incursão do autor no universo da educação. Traduzido direto do russo e apresentado pela primeira vez ao público brasileiro, a obra traz uma coletânea de textos extraídos das duas cartilhas elaboradas por Tolstói. São fábulas, histórias verídicas, contos folclóricos, contos maravilhosos, descrições de paisagens naturais e adivinhações. O estilo é conciso, aproximando-se do ritmo da linguagem oral. Um bom exemplo é a fábula A Mulher e a Galinha: "Uma galinha botava um ovo por dia. A dona pensou que, se desse mais ração à galinha, ela botaria o dobro de ovos. E assim ela fez. A galinha engordou e parou completamente de botar ovos". Afastado da sociedade russa dos grandes centros urbanos, o autor de Guerra e Paz fundou, em 1859, uma escola rural para crianças em sua cidade natal. O "método" do escritor, que nunca freqüentou escolas e foi educado por preceptores, era de cunho emotivo. Tolstói amava seus alunos e era retribuído. O mestre não era uma figura autoritária aos olhos dos pupilos: não havia lição de casa, nem chamada oral; não havia lista de presença, nem provas. Estudar era uma atividade lúdica, uma diversão. Preocupado em estimular a criatividade, Tolstói tinha plena consciência de que erguia um monumento. Tanto que em 1910, ano da morte do escritor, as cartilhas estavam na trigésima edição, com tiragem de cem mil exemplares cada uma. Marca que revela o estrondoso triunfo da liberdade, hoje tão fora de moda.



                                                  

A 25ª hora



autor: C. Virgil Gheorghiu

tradução: Vitorino Nemésio

edição: Livraria Bertrand


n.º pág.: 420

formato: 12x19cm

: O processo do mundo ocidental, o processo de uma civilização tecnocrata, apostada em recusar à Pessoa Humana, ao indivíduo, o direito de ser... um indivíduo, diferente, único, livre. Virgil Gheorghiu põe na boca de certa personagem deste romance extraordinário as seguintes palavras: « O Ocidente criou uma sociedade semelhante a uma máquina. Obriga os homens a viverem no seio dessa sociedade e a adaptarem-se às leis da máquina... quando os homens se assemelharem às máquinas até se identificarem com elas, então não haverá mais homens sobre a terra».






quinta-feira, 12 de julho de 2012

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Cascais Jazz 1975 Reportagem RTP

80 anos de Jazz em Cascais

A Volta ao Mundo em 80 Dias de Júlio Verne




Phileas Fogg, um aristocrata inglês, faz uma aposta arrojada com os membros do seu clube em como dará a volta ao mundo em 80 dias. Parte então à aventura, acompanhado pelo seu criado. Para vencer o desafio, teria de estar de volta a Londres no dia 21 de Dezembro de 1872, às vinte horas e quarenta e cinco minutos. Porém, Fogg é acusado de estar por detrás do assalto ao Banco de Inglaterra, o que fará com que o detective Fix parta no seu encalço, perseguindo-o para onde quer que Fogg vá. Do Egipto à Índia, e depois para a China, Japão, Estados Unidos (São Francisco e Nova Iorque) e de volta a Inglaterra, somos levados numa viagem através de vários continentes, em diversos meios de transporte existentes na época - vapores, comboios, carruagens , e até mesmo elefante -, numa jornada emocionante que desperta o nosso espírito de aventura e nos leva de volta à infância.A Volta ao Mundo em 80 Dias de Júlio Verne