quarta-feira, 18 de julho de 2012

“Pela Estrada Fora”, de Jack Kerouac

“Pela Estrada Fora”, de Jack Kerouac


Romance fundador da geração “beat”, “Pela Estrada Fora” é a viagem interminável de dois amigos pelas estradas perdidas da América do pós-guerra.

Raquel Ribeiro

Romance fundador da geração “beat”, “Pela Estrada Fora” é a viagem interminável de dois amigos pelas estradas perdidas da América do pós-guerra

Sal Paradise (alter-ego de Jack Kerouac) conta que decidiu sair de casa, em Nova Iorque, quando a universidade o desiludiu. Um dia, parte com 50 dólares no bolso para visitar Dean, que vivia em Denver. E assim começa “Pela Estrada Fora” (1957), romance de Jack Kerouac (autor de “Os Vagabundos do Dharma”, 1958, ou “Big Sur”, 1962) que marcou decisivamente o rumo da juventude americana na década de 60.

Qual Sundance Kid na companhia de Butch Cassidy, Dean e Sal partem em busca da América perdida no desfiladeiro do passado. Descobrem amigos de ocasião, bebem cerveja a rodos, fumam marijuana, dançam ao som do jazz de Nova Orleães e dão boleia a vagabundos de estrada, algures no deserto.

Jack Kerouac nasceu em Lowell, Massachusetts, em 1922. De origem franco-canadiana, cedo se tornou a estrela de futebol americano do liceu local, o que o levou a ser admitido na equipa da Universidade de Columbia, em Nova Iorque, em 1940. Mas uma lesão levou-o a abandonar os relvados em plena época. O treinador não o quis de volta no ano seguinte e, após ver ameaçado o seu lugar na equipa, Kerouac abandonou a universidade e fez-se à estrada.

Não é por acaso que o seu personagem, Sal Paradise, se lança nas estradas secundárias da América em busca de novas experiências. Kerouac fez o mesmo, com os seus amigos de sempre, aqueles com quem um dia se cruzou em Nova Iorque e que viriam a dar origem à “beat generation”: Allen Ginsberg, William Burroughs e Neal Cassady. Esta geração deixaria marcas profundas na juventude americana do pós-guerra, subvertendo a ordem e os costumes americanos na esperança de uma nova liberdade.

Romance autobiográfico, em “Pela Estrada Fora” Dean Moriarty é Neal Cassady, Carlo Marx é Allen Ginsberg e Old Bull Lee é William Burroughs. Kerouac escreveu-o em três semanas, na Primavera de 1951, afogado em café e anfetaminas, que o mantiveram acordado durante dias. Diz-se que, para poupar tempo ao mudar as folhas da máquina de escrever, Kerouac arranjou um enorme rolo de papel e aí escreveu, ao longo de 36 metros, “Pela Estrada Fora”. O romance foi publicado em 1957 e cedo se tornou na narrativa fundadora da geração “beat”.

“Temos de ir e não podemos parar até chegarmos lá”, disse, um dia, Neal Cassady. Quando Kerouac lhe perguntou onde iam, respondeu: “Não sei, mas temos de ir até chegarmos lá.”




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