segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Arthur Danto




Morreu Arthur Danto, o inventor do mundo da arte

Por Vanessa Rato e Luís Miguel Queirós

27/10/2013 - 14:01



Entre os mais influentes críticos e teóricos da arte da segunda metade do século XX, Danto morreu aos 89 anos





Danto publicou no início do ano o seu último livro, "What Art Is" DR

. 1 .TópicosArtes

FilosofiaFez-nos voltar a pensar sobre o fim da arte, mas, de certa maneira, foi ele que inventou o "mundo da arte", ao cunhar, em 1964, a expressão "artworld". O filósofo, crítico e ensaísta norte-americano Arthur C. Danto morreu este sábado. Tinha 89 anos.



Professor emérito da Columbia University, em Nova Iorque, Danto foi presidente da American Philosophical Association e da American Society for Aesthetics. Esteve entre os 120 académicos e filósofos que em 1973 assinaram o segundo Manifesto Humanista. No princípio do ano publicou a sua última obra, What Art Is, um apanhado do pensamento que foi desenvolvendo ao longo dos últimos 50 anos do seu percurso.



Nascido em Ann Arbor, no estado de Michigan, em 1924, Danto estudou arte, história e filosofia em universidades americanas, tendo recebido uma bolsa que lhe permitiu prosseguir os seus estudos na Paris do pós-guerra.



Conhecido pelos seus trabalhos nos campos da estética e da filosofia da história, e ainda pela sua inesperada carreira como crítico de arte na revista The Nation, cargo que aceitou quando tinha já 63 anos, Danto interessou-se por vários outros domínios, da filosofia da acção às teorias da representação, e dedicou estudos importantes a filósofos como Hegel, Nietzsche ou Schopenhauer.



Tinha 40 anos quando, em 1964, publicou, no Journal of Philosophy, o ensaio The Artworld, no qual propunha o conceito de "mundo da arte", que definia como o contexto cultural e histórico no qual uma obra de arte é criada. O texto teve uma considerável influência no filosofia da arte, e em particular na teoria institucional da arte, do filósofo George Dickie, que recusa as teorias essencialistas e propõe que um artefacto é uma obra de arte quando o mundo da arte e as suas instituições lhe atribuem esse estatuto.







O fim da arte



A partir de meados dos anos 1980, o tópico do "fim da arte" torna-se central na obra de Danto. Não se trata de vaticinar o esgotamento da criação artística, mas, antes, o final de uma certa história da arte ocidental. Em After the End of Art (1997), afirma que a arte começou com "uma era de imitação, seguida de uma era de ideologia, seguida pela nossa era pós-histórica", na qual a obra de arte já não enfrenta "quaisquer constrangimentos estilísticos ou filosóficos".



Danto não pretende afirmar que já não se faz arte ou que a que se faz não é relevante. Defende é que as grandes rupturas conceptuais iniciadas nos anos 60 do século XX – com a arte pop, o minimalismo, o conceptualismo – levaram a uma situação em que "as obras de arte podem parecer seja o que for, incluindo objectos perfeitamente triviais". Nesta situação de liberdade criativa total, o papel do artista, diz Danto, "é filosofar através de meios visuais, usando todos os recursos que lhe pareçam adequados". Do mesmo modo, o crítico deve lançar mão de "tudo o que o possa ajudar a atingir uma interpretação inteligível" do que o artista pretendeu fazer.



Este "fim da arte", reconhece Danto, foi admiravelmente intuído pelo filósofo Theodor W. Adorno, que escreveu: "É uma evidência que nada do que respeita à arte é ainda hoje evidente, nem a sua vida interior, nem mesmo o seu direito a existir". Mesmo sabendo que, em Adorno, esta constatação é "um grito de desespero cultural", Danto credita-lhe "o mérito de ter intuído as transformações" a que ele próprio depois chamará "o fim da arte".







quinta-feira, 24 de outubro de 2013

27 Out 2013 - 14:00 às 19:00




Pequeno Auditório



Entrada Livre



«António Lobo Antunes (1942) afirma-se como um ávido revelador do que a vida sistematicamente esconde. Para além do superficial dos acontecimentos, o romancista recorda, invoca, interpreta, aventura-se no próximo, no incerto e no desconhecido. E vêm à memória amigos, desaparecidos, mas presentes, como José Cardoso Pires e Ernesto Melo Antunes… A vida entretece-se de amizades. Harold Bloom fala misteriosamente de “one of the living writers who will matter most”. George Steiner considera-o como “heir to Conrad and Faulkner”. O certo é que a sua escrita atrai, porque é inusitada e pertinente, luminosa e obscura. Que é a vida senão um mundo de contradições? Quaisquer elogios passageiros nunca permitirão entendê-lo. Um dia disse: “Quando lemos um bom escritor é para nos conhecermos a nós mesmos”. Essa a grandeza da literatura, a de ser um revelador da existência. É fundamental ler António Lobo Antunes, para quem é insuportável aceitar a mediocridade e ouvir dizer “somos um país pequeno e periférico”…»



Guilherme Oliveira Martins





Programa





15:00 ABERTURA



Guilherme d’Oliveira Martins

Vasco Graça Moura





15:15 A OBRA



Maria Alzira Seixo

Morar no Lume. Imagística do Fogo na temática e construção do romance em António Lobo Antunes.



Agripina Carriço Vieira

Rezas, santos, aparições e outras religiosidades na ficção de António Lobo Antunes.



Norberto do Vale Cardoso

A sombra de António Lobo Antunes: uma luz nas trevas.



Ana Paula Arnaut

A ficção de António Lobo Antunes: o romance no fio da navalha.





16:15 PAUSA





16:45 O ESCRITOR VISTO PELOS SEUS LEITORES



Maria Rueff



Harrie Lemmens

O Rumor dos Passos.



Frei Bento Domingues

Deus e os Direitos de Autor.



17:45 António Lobo Antunes







Em colaboração com o Centro Nacional de Cultura



O DN e a Caixa Geral de Depósitos apoia a programação de Literatura e Humanidades.









quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Jack DeJohnette - drum solo - Modern Drummer Festival 1997

Eduardo Lourenço



A  correspondência amorosa entre Fernando Pessoa e Ofélia Queiroz é o tema deste texto de Eduardo Lourenço, publicado no JL 1112, de 15 de maio de 2013





Ler mais: http://visao.sapo.pt/eduardo-lourenco-amor-e-literatura=f754289#ixzz2iXigAxTa

Para os admiradores incondicionais de Pessoa, a leitura da sua correspondência com a predestinada jovem com o nome fatídico de Ofélia não é um texto como qualquer outro de Pessoa. Podemos imaginar que na sua perspetiva este episódio único do poeta da "Tabacaria" como pastor amoroso era, ou foi, tão ficcional como todos os outros que subscreveu com o seu nome ou com o dos famosos heterónimos.



A esta última comédia que lhe conferiu uma aura universal designou-a ele como "drama em gente". Mais sofisticado labirinto literário não se conhece. Há mais do que a sombra dele, ao menos do seu lado, nas cartas que trocou com Ofélia, vítima propiciatória da alma múltipla apostada em imitar Deus e ser como ele "tudo de todas as maneiras".



Só que Ofélia não era um seu heterónimo mas uma jovem burguesa de Lisboa dos anos 20, que talvez nunca tenha imaginado que chamou a atenção de Pessoa por ter aquele nome mítico como destino.



E destino lhe foi. Para Pessoa foi antidestino de que só ele conheceu os emaranhados e tenebrosos fios. Tanto mais emaranhados que, logo que se apercebeu que aquele enredo era real e nenhuma ficção o podia desatar sem remorso e culpa, convoca a sua criatura diabólica Álvaro de Campos para se desfazer de um laço que ele próprio criara para ter a ilusão, solitário absoluto, de que podia ter companhia.



Assim introduz no seu jogo de sedução impura a parte tenebrosa de si, o mau da fita, Álvaro de Campos. Jogo de sedução que lembra um pouco o de Kierkegaard, se Ofélia pudesse acompanhá-lo nesse jogo, como Regina Olsen o fizera, por ter luzes e a determinação que a cândida e amorosa heroína shakespeariana à força, muito lusitanamente, não possuía. Em vez disso possuía um coração simples, intuitivo e vulnerável, naturalmente amante, sabendo amar como "o amor ama", como também sabia, mas só como virtualidade, o imortal autor da "Ode à Noite".



Comédia de enganos, anverso de todo o fascínio amoroso? Da sua parte sim e, todavia, não era uma comédia cínica de libertino na alma, apenas a de alguém tão íntimo da noite universal e tão desesperado como raros da linhagem dos danados da terra e abandonados de Deus. No seu caso, consciente disso como todos os filhos de Nietzsche e de Rimbaud, apostados em reinventar "outro sentido" para glorificar uma existência sem ele.



Alguém imagina possível um diálogo, um encontro viável, entre um émulo de Lautréamont e uma jovem burguesinha, no limiar de uma época emancipadora, mas para quem só o casamento canónico era sinónimo de sucesso e felicidade? Da sua "cultura", no sentido habitual, não há nas suas cartas de amorosa transida e cedo dececionada senão os traços de classe dessa época e pouco mais. Já nesse plano é difícil imaginar uma dissimetria mais funda. Um pouco mais velho, o primeiro reflexo de Pessoa é "infantilizar" o objeto do seu "juvenil" e tardio entusiasmo. Mas talvez o que mais surpreenda para quem conhece tão bem as reticências eróticas do autor do Fausto ("O amor causa-me horror, é abandono/ Intimidade...") ou as suas pulsões pouco canónicas (Antinoos) seja, sob a pluma real do autor de Mensagem, a assunção de um Desejo, se não com maiúscula platónica, pelo menos na sua versão comum, provocado pela Vénus urânia que Ofélia parece ter sido para tão visível esfomeado de amor e companhia.



Este ostensivo erotismo, embora brincado e mesmo adolescentemente brincalhão (eterno regresso da alma e do corpo à infância de onde emergiu?), surpreendeu e continua a surpreender, menos pela sua óbvia assunção que pelo contraste com a mitologia do Desamor que foi para o poeta a única musa e música a que votou a sua demoníaca (e diviníssima) adoração. O que no espaço da pura virtualidade, que é por essência o da Poesia (de todas e não só a dele, Eróstrato de si mesmo), se celebra e se esconde ao mesmo tempo ("Meu ser vive na Noite e no Desejo.







/ Minha alma é uma lembrança que há em mim") é, quanto muito, misticismo amoroso em torno do "esplendor nenhum da vida".



Nessas cartas inimagináveis para quem já era o poeta da "Ode Marítima" ou do oitavo poema do "Guardador de Rebanhos", onde a sua "verdade" erótica se exprime em litanias infantis, cheias de "inhos e beijinhos". Mimetismo sacrificial da ternura autêntica vivida à sua altura pela tão pouco celeste mas comovente e desencantada Ofélia, mais destinada a heroína antiga como Efigénia que a vítima sarcástica de um super Hamlet redivivo? Este abismo (escrito) entre a expressão amorosa de Ofélia, vampirizante como todas, e o vampirismo de segundo grau que é o de Pessoa, desta vez nu e sem máscara, na medida em que o podemos conceber como oposto do que desde a infância o elegeu diferente, Narciso cego perdido na sua Noite como essência do mundo e nós nele, surpreendeu e escandalizou aqueles que mais precocemente se viram confrontados com aquilo que o seu biógrafomo, João Gaspar Simões, designou de "enigma de Eros". E que aqui, na correspondência, em vez de solução, conhece uma espécie de metamorfose sem redenção. Para ambos os protagonistas, mas de diversa e oposta versão.



No plano do banal fait-divers tratou-se de um encontro/desencontro entre dois seres predestinados para nunca se encontrarem e, uma vez encontrados, cada um deles vivendo, um na plena e redentora ilusão de se saber amado - miticamente "para sempre" -, e outro num mundo alheio, insuspeitado da ingénua Ofélia, tão perspicaz na ordem do coração como a Maria do Fausto mas, como ela, votada à desilusão por quem há muito - quase desde a infância - se via e via a vida -a sua e a da Humanidade inteira - como pura e incontornável Ilusão.







Se Ofélia tivesse lido o menor dos poemas do seu efémero e improvável "namorado" (epíteto que apenas concebido lhe seria insuportável), onde nada se glosa senão a evidência de que a Vida é pura Ficção e a chamada Ficção a única e impensável "verdade" dela, não teria embarcado nessa travessia do coração para um porto que nunca existiu para o companheiro/fantasma dessa viagem sem viajante dentro. A pobre (a rica) Ofélia tinha razão quando o seu estranho colega de escritório vinha ao seu encontro com o seu duplo infernal Álvaro de Campos. O coração não a enganava, que o coração só engana quem o não escuta. Essa comédia -versão lisboeta do famoso Dr. Jekyll e Mr. Hyde - nada tinha de cómico. Se o tivesse conhecido a sério (lendo-o menos distraída) teria sabido a tempo que o espetral Álvaro de Campos era a encarnação mesma da "paixão do fracasso", a que Robert Bréchon se refere com pertinência. E nunca ninguém epitetou melhor o génio de espécie nova que escreveu "Tabacaria". Que provavelmente Ofélia nunca leu.



Em parte alguma Fernando Pessoa está mais ausente de si mesmo, dos outros e do mundo que nestas cartas que têm como palco a espetral cidade de Lisboa, tão viva por fora e tão irreal por dentro com o Poeta jogando o mais sério dos jogos como se fosse o extraterrestre de si mesmo. Todos os leitores conhecem, por ele no-lo ter imposto, o seu mundo de irrealidade sonhada onde desde cedo se refugiou para suportar a insuportável e incógnita realidade do que chamamos Vida.



Mas nunca, como nestas "fingidas" cartas de amor sem fingimento que as resgate por dentro (quer dizer da poesia mesma que tudo redime, mesmo o que não pode ser redimido), no-lo tornam tão estranho de uma estranheza muito diferente da que o tornou único no espaço do nosso imaginário ocidental e não só.



Bem sabemos que num celebérrimo poema brincado, Pessoa, como quem antecipadamente se absolve, glosou o tema do fatal ridículo que seriam as cartas de amor em geral, escritas apenas para o segredo e leitura de quem as escreveu.



E é verdade que à parte as famosas cartas de Mariana Alcoforado, celebradas por Stendhal e que não serão nossas, a nossa epistolografia amorosa conhecida (mal conhecida) não goza de uma reputação muito gloriosa, salvo a que releva de textos em si ficcionais como os do sublime Bernardim ou dos postos por Camilo na boca póstuma da heroína de Amor de Perdição. E, contudo, autênticas e soberbas cartas de amor nossas nada têm de ridículo ou não vivem apenas da paixão sem frases que as elevam acima de si mesmas.







Exemplo insuperável entre nós, as de Garrett a Rosa Montufar, andaluza ardente e refinada.



A deceção (relativa) que todos nós, admiradores quase acríticos de quem escreveu o Livro do Desassossego -monumento sem par à tristeza infinita de não saber ou poder amar -, só nos vem, lendo estas cartas -referimo-nos às de Pessoa, que as de Ofélia de tão cândidas e sentidas não desiludem senão pelo excesso de idolatria sem eco à altura dela -por não reconhecermos nelas aquele fulgor inteligente que distinguiu Pessoa e que aqui brilha menos como eco ou reflexo de um amor ou uma ternura que o submergiu ao menos em certos momentos que por uma espécie de "frieza", ou reticência afetiva, que desde o início se manifesta, como se o demónio da dúvida ou a sua hiperconsciência de si e de tudo cavassem um abismo impossível de atravessar entre ele e o outro.



Robert Bréchon, ecoando David Mourão-Ferreira, sublinhou como convinha e na companhia de outros exegetas de Pessoa, de Ángel Crespo a Leyla Perrone-Moisés, "a impressão estranha" que esta correspondência, destinada a interessar meio mundo por ser de quem é, quase sempre provocou. À parte o contributo nada desprezível que ela representa como uma espécie de diário obcecado e obcecante da vida real do famoso empregado de comércio de Lisboa e da vida lisboeta em pano de fundo, o sentimento de estranheza (de ordem estética, sobretudo?) mantém-se.



São raras as peripécias desse famoso encontro-desencontro, no plano sempre terrífico do único sentimento onde num segundo se joga o destino de uma vida, que nos transportam como o menor verso do Poeta.



Mais significativos, mas não inéditos, são os reflexos de uma certa crueldade sem sujeito que em várias passagens transfiguram essa tão banal (por fora) aventura humana em campo de batalha onde só reina um silêncio pior que a morte. Contudo nós não temos um testemunho mais direto da vivência quotidiana do autor de "Ode Marítima" que este combate íntimo com outro ser que o amou sem Literatura. E sem querer reenvia para a única paixão que assolou Pessoa como vocação e destino, a ponto de lhe sacrificar o que cada um de nós chama "felicidade humana", o monstro sublime da nossa imaginação que nós chamamos Literatura.







Ler mais: http://visao.sapo.pt/eduardo-lourenco-amor-e-literatura=f754289#ixzz2iXhpMGWf

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Uma Visão Armilar do Mundo de Paulo Borges

 
 
 
 
 
 
"Este livro pensa, em diálogo com Camões, Vieira, Pascoaes, Pessoa e Agostinho da Silva, a vocação universal de Portugal: uma convivência planetária, iniciadora... de outro ciclo civilizacional. Uma Visão Armilar do Mundo: a perfeição, plenitude e totalidade da esfera e, nas armilas, a interconexão de todos os seres e coisas, tradições e culturas, artes e saberes. Antes de ser emblema de D. Manuel I, eis toda a fecundidade simbólica da Spera Mundi, esfera e/ou Esperança do Mundo: ao invés do nacionalismo ou patriotismo comuns, a cultura portuguesa e lusófona converteria muros em pontes, fronteiras em mediações, limites em limiares, numa abertura ao universo, a todos os povos, nações, línguas, culturas e religiões. Uma visão integral do mundo, sem cisões, exclusões ou parcialidades. Numa era celebrada como multicultural, a Esfera Armilar surge como paradigma da reinvenção de Portugal como nação de todo o mundo, que vise o melhor para todos, uma cultura da paz, da compreensão e da fraternidade à escala planetária, abraçando a natureza, o homem e todos os seres sencientes" - Paulo Borges, "Uma Visão Armilar do Mundo", 2010.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Um Método Perigoso





Um Método Perigoso

Título original:A Dangerous Method

De:David Cronenberg

Com:Michael Fassbender, Viggo Mortensen, Keira Knightley

Género:Drama, Thriller

Classificação:M/16

Outros dados:EUA, 2011, Cores, 99 min.

Links:Site Oficial

Em 1907, Sigmund Freud (Viggo Mortensen) e Carl Jung (Michael Fassbender) iniciam uma parceria que iria mudar o rumo das ciências da mente assim como o das suas próprias vidas. Seis anos depois, tudo isso se altera e eles tornam-se antagónicos, tanto no que diz respeito às suas considerações científicas como no que se refere às questões de foro íntimo. Entre os dois, para além das divergências de pensamento, surge Sabina Spielrein (Keira Knightley), uma jovem russa de 18 anos internada no Hospital Psiquiátrico de Burgholzli. Com diagnóstico de psicose histérica e tratada através dos recentes métodos psicanalíticos, ela torna-se paciente e amante de Jung e, mais tarde, em colega e confidente de Freud. Isto, antes de se tornar numa psicanalista de renome.

Realizado por David Cronenberg ("eXistenZ", "Crash"), "Um Método Perigoso" é baseado na peça "The Talking Cure", do dramaturgo e argumentista inglês, nascido nos Açores, Christopher Hampton, inspirada na obra de John Kerr. PÚBLICO

Votos dos Leitores



Um Método Perigoso


Título original:A Dangerous Method

De:David Cronenberg

Com:Michael Fassbender, Viggo Mortensen, Keira Knightley

Género:Drama, Thriller

Classificação:M/16

Outros dados:EUA, 2011, Cores, 99 min.

Links:Site Oficial

Em 1907, Sigmund Freud (Viggo Mortensen) e Carl Jung (Michael Fassbender) iniciam uma parceria que iria mudar o rumo das ciências da mente assim como o das suas próprias vidas. Seis anos depois, tudo isso se altera e eles tornam-se antagónicos, tanto no que diz respeito às suas considerações científicas como no que se refere às questões de foro íntimo. Entre os dois, para além das divergências de pensamento, surge Sabina Spielrein (Keira Knightley), uma jovem russa de 18 anos internada no Hospital Psiquiátrico de Burgholzli. Com diagnóstico de psicose histérica e tratada através dos recentes métodos psicanalíticos, ela torna-se paciente e amante de Jung e, mais tarde, em colega e confidente de Freud. Isto, antes de se tornar numa psicanalista de renome.

Realizado por David Cronenberg ("eXistenZ", "Crash"), "Um Método Perigoso" é baseado na peça "The Talking Cure", do dramaturgo e argumentista inglês, nascido nos Açores, Christopher Hampton, inspirada na obra de John Kerr. PÚBLICO

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Alexandre Magno na National Geographic de Outubro

Alexandre e o seu cavalo Bucéfalo num mosaico romano da Casa do Fauno, em Pompeia, datado de 200 a.C.




A batalha de Granico estava no seu momento mais crítico. Frente à cavalaria persa, erguia-se a selva de lanças das tropas macedónicas. O velho Parménio, general experiente, aconselhou Alexandre a não se precipitar numa ofensiva contra as hostes inimigas. Mesmo assim, o soberano arremeteu, temerário, contra os persas, sobre o dorso do seu cavalo. Era então um jovem pujante, que não conhecia o medo. Os seus inimigos reconheciam-no com facilidade devido às longas plumas brancas que adornavam o seu elmo. Combatia sem pensar em si, com paixão e precisão assassina. Pouco depois, um dardo alojou-se numa junta da couraça de Alexandre. Não o feriu, mas o guerreiro ficou desconcertado e dois persas investiram contra ele. Conseguiu esquivar-se do primeiro, enquanto o segundo abordou o cavalo pelo flanco até chegar junto de si, brandindo o machado sobre a sua cabeça. “Rasgou-lhe o penacho e a pluma dos dois lados e, embora o elmo aguentasse o golpe, o fio do alfange tocou nos primeiros cabelos.” Foi com estas palavras que o historiador grego Plutarco descreveu o dramatismo deste episódio decisivo ocorrido no ano de 334 a.C. na sua biografia de Alexandre Magno. Quando o ginete persa se preparava para assestar o segundo golpe, um oficial macedónico chamado Clito, o Negro, antecipou-se e trespassou-o com a lança. Com este gesto, Clito salvou não só a vida do jovem rei macedónico, mas também o seu projecto vital: a conquista e submissão da Ásia.


“Fábula de Veneza”


Por: CARLOS PESSOA





Durante sete dias singulares, Corto Maltese percorre a cidade misteriosa e mágica. Como num sonho, procura a mítica esmeralda conhecida por “Clavícula de Salomão”



“Acontecem coisas inacreditáveis nesta cidade”, diz Corto Maltese, estupefacto por encontrar no seu bolso a esmeralda conhecida por “Clavícula de Salomão”. Ficção ou realidade, pouco importa, porque este é o único epílogo que poderia ter uma aventura como “Fábula de Veneza”, a banda desenhada do marinheiro de Malta que hoje é distribuída com o PÚBLICO.



Numa narrativa que se desenvolve ao longo de sete dias singulares, o italiano Hugo Pratt dá testemunho do seu “amor por Veneza”, impregnando a cidade e os seus habitantes de ocasião com uma atmosfera simultaneamente misteriosa e mágica. Sabe-se a razão sensível que trouxe Corto de novo à cidade — decifrar o enigma contido na carta que lhe foi enviada pelo Barão Corvo, dando supostamente acesso ao paradeiro da mítica pedra preciosa. As pistas semeadas no seu caminho propiciam ao herói uma deambulação só aparentemente errante por Veneza, já dominada pelos fascistas e onde os adeptos das escolas de cunho iniciático — a começar pela Maçonaria — têm cada vez maiores dificuldades em se exprimir livremente.







Com um distanciamento que se tornou a sua inconfundível imagem de marca, o marinheiro não parece levar a sério nada do que acontece, movimentando-se sempre na subtil margem que distingue o real do imaginado e a verdade da efabulação. E, contudo, é bem concreta a perseguição dos homens da “Sereníssima” e dos carabineiros, assim como a queda que coloca Corto Maltese entre a vida e a morte. É, aliás, nesse limbo que ocorre um dos mais belos registos oníricos da banda desenhada traduzidos em imagens.



Tudo o que se passa em “Fábula de Veneza”, publicada pela primeira vez entre 3 de Julho e 23 de Dezembro de 1977 na revista italiana “L’ Europeo”, não terá, afinal, passado de um sonho — não é verdade que o herói acorda de um sonho para entrar noutro e ainda outro, numa sucessão de desvendamentos que não parece terminar? Em todo o caso, é um belíssimo sonho: tem o condão de entreabrir discretamente a janela para uma outra dimensão da realidade que pode sempre ser franqueada. Basta que se queira, afirma Corto Maltese.









quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Batalha de Alcácer-Quibir

O Lugar do Desenho - Julio Resende / caderno de viagens Brasil

27 Out. 2012 // 13 Out. 2013

caderno de viagens
JÚLIO RESENDE
Brasil

Galeria do Acervo
Collection Gallery

Os registos do Brasil são abundantes, deles ressaltando a emanação dos Trópicos como fonte geradora de Vida na harmonia do Homem com a Natureza.



Não estou movido por um sentimento nostálgico, porque situado entre as quatro paredes do atelier, tenho o Brasil no atelier ou onde quer que me encontre... Talvez motivado por uma necessidade de retoma de certo gesto. Já sinto movimentar-se-me a mão numa exaltação luminosa explodindo de alegria, Sim! Eu vira uma criança e um papagaio inundados de luz.



O fascínio do Brasil poderá ser explicado pelos sociólogos para um artista que não busca a explicação, mas o entendimento terá de submeter-se à experiência viva no confronto imediato.



O nordeste brasileiro entrou em mim como um desiderato que o destino quis proporcionar.



Tudo se dá em harmonia, nela participando o baloiçar do coqueiro, o andar da moça e o som da cuíca...



É liberto da carga de muitos conceitos que passo a olhar e a ver o mundo.



Aguarela rápida e inexorável requerendo uma acuidade visual, nem sempre facilitada pelas circunstâncias das condições. Dobrado sobre mim próprio, quantas vezes, o bloco assente no piso, a caixa de aguarelas ao lado, as poeiras que se levantam, ou os insectos insaciáveis que invadem a caixa das aguarelas, para não citar a clareira do sol que abrasa o plano do papel e castiga os olhos, Assim se passa, O documento o esconde, ou talvez o diga...



Tinta da chino e aguarela em festa! Lá estão as tais diagonais, como ressonância do Brasil, para todo o sempre. Génese de uma pintura a óleo que acabou por não acontecer...

A vida é um momento!



É noite. Vindo do extremo da rua deserta, chegam vagos sons de melodias que na praça empedrada fez juntar as pessoas para dar gosto ao corpo até noite alta, Cachoeira adormece…



O Brasil que me tocou foi o do Nordeste e a ele devo uma nova concepção do espaço pictórico, aquele isento de peso físico.



O baloiçar das folhas dos coqueiros, a melodia que chega não se sabe de onde, a fala das gentes, o andar da moça, estão todos na génese destas formas.



A rede, em tudo que é lugar, para o prazer se agarrar ao corpo. O artesão em Olinda faz saltar pedaços de alma ao madeiro e canta uma canção, enquanto a moça sonha na teia de um tapete da memória.

Que tem a ver isto com a pintura que faço?…



No arvoredo em pequeno círculo do traçado urbano, a horas certas, chegam homens sem idade com seus pássaros de estimação em gaiolas artesanais do capricho de cada um.

Nos ramos certos, suspendem as gaiolas, num sorriso todo branco, durante horas para esquecer.

Uns metros adiante tento os meus esboços.



No alto, é um azul que cai ao encontro do rosa que se estende em gradação. Intercepta esta corrida um negro desfeiteando a sua verticalidade. Assim imprime o poder negro num acinte oblíquo. No meio dele o rosa, aqui mais declarado, submete-se à intenção do negro. Isto terá sido, e foi, um homem sentado por terra saboreando uma fatia de melancia. Nada mais prosaico…



Quando o Sol, declina Cachoeira acorda lentamente.

As janelas coloniais abrem-se à aragem fresca e nelas despontam moças segurando pássaros multicolores. Por elas passam outras moças que ali param para confidências amorosas.



Júlio Resende



quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Entre NóS - Museu Republica e Resistência De 3 de Outubro a 3 de Novembro.

Ramos Rosa 1924-2013


Cara de Anjo Mau

O Botequim da Liberdade de Fernando Dacosta



O novo livro de Fernando Dacosta, “O Botequim da Liberdade”, a publicar no dia 10 de setembro pela Casa das Letras, é sobre o bar Botequim que existiu, em Lisboa, no largo da Graça, onde pontificava a literata e poeta Natália Correia


Em comunicado, a editora, afirma que o bar acolheu “a última grande tertúlia de Lisboa, que marcou cultural e politicamente várias décadas portuguesas”.

No Botequim “fizeram-se e desfizeram-se revoluções, Governos, obras de arte, movimentos cívicos; por ele passaram Presidentes da República, governantes, embaixadores, militares, juízes, revolucionários, heróis, escritores, poetas, artistas, cientistas, assassinos, loucos, amantes em madrugadas de vertigem e de desmesura”.

Fernando Dacosta, de 67 anos, natural do Caxito, em Angola, foi jornalista, e é autor de vários romances como “O Príncipe dos Açores” e “Máscaras de Salazar” e conviveu com Natália Correia (1923-1993) de quem foi amigo.