quinta-feira, 30 de julho de 2009

Poesia - Férias


Férias são sítios com pessoas
Fora do sítio
São corpos mentirosos
São croquetes com areia
Quando está vento na praia

São engates de ocasião
São pernas depiladas
Praias cheias de gente
Uma mulher atraente
No meio da confusão

Férias
São febras de porco na grelha
Com homens a ressonar
Na sombra de um pinheiro
E quase sempre.Falta de dinheiro

É uma criança a chorar
Com os pais com falta de ar
São Tshirt's mentirosas
Um avião atrasado
Alguém muito irritado

Férias
São famílias arrumadas
Praias desestruturadas
Rugas encapotadas
Gelados a derreter

Férias são sítios com pessoas
Fora do sítio
(Boas férias)
João Silva 09

terça-feira, 28 de julho de 2009

Arte Postal na Escola Intercultural das Profissões da Amadora.





Esta em embrião a ideia de organizar uma grande exposição internacional de Arte Postal na EIPDA.

A arte postal não é um estilo artístico, menos ainda uma técnica ou alguma maneira definida de criação. A única coisa que é comum a todos os artistas postais do mundo é que sua arte é realizada através do correio, isso é o mesmo que dizer que sua comunicação atravessa as vias do correio, do telégrafo e do telefone, que ainda são as “melhores maneiras” de ligar povos.
A essência da arte postal é uma TROCA e um RELACIONAMENTO entre artistas; uma COMUNICAÇÃO própria transformou-se no principal fator poético do trabalho de arte, substituindo os clássicos valores estéticos e do fazer artístico. Ao mesmo tempo a arte postal oferece uma oportunidade de expressar livremente, sem nenhuma limitação, significando que a arte do correio tem um amplo sentido democrático, liberal e cosmopolita.

Diversos movimentos artísticos de vanguarda são considerados como as fontes da arte do correio: Marcel Duchamp trabalhou com postais, assim como em 1916 postais foram impressos pelos Futuristas italianos. Os membros de Nouveau Realisme e do Fluxus enviavam pelo correio objetos e publicações incomuns. Assim também, nos anos 50, o grupo japonês Gutai começou sua comunicação artística internacional através do correio.O americano Ray Johnson é considerado o pioneiro da arte postal, ao fundar a Escola de Correspondência de New York, em 1962.
Daquele grupo se originou o fenômeno da Rede da Arte do Correio, que é a característica principal da arte postal. A rede consiste em milhares de artistas postais pelo mundo inteiro, com suas mensagens visuais e verbais que circulam permanentemente em torno do nosso Planeta. Essa rede, que é essencialmente um produto espiritual, é também um escultura espiritual original que envolve a Terra; esta "escultura" é uma realização coletiva dos artistas postais.A arte postal já penetrou todos os continentes, originando os fundamentos de uma cultura planetária. Na arte do correio domina o máximo de liberdade e respeito pelos gêneros, formas ou técnicas de expressão de cada indivíduo.
Eu penso de que esta maneira de comportamento artístico é a melhor resposta à alienação do homem e às divisões políticas, raciais e sociais do mundo.

Jean Michel Basquiat no Projecto 12-15 - Da rua para o estrelato.





Para o proximo ano lectivo ,vou trabalhar com os alunos do Projecto 12-15 a obra ,e o discurso pictórico do pintor, que teve talvez a subida de cotação mais rápida da historia da arte contemporânea.


Jean-Michel Basquiat (22 de dezembro 1960, Brooklyn, Nova Iorque - 12 de agosto, 1988, Nova Iorque) foi um artista americano. Ele ganhou popularidade primeiro como um grafiteiro na cidade onde nasceu e então como neo-expressionista. As pinturas de Basquiat ainda são influência para vários artistas e costumam atingir preços altos em leilões de arte.

Basquiat tinha ascendência porto-riquenha por parte de mãe e haitiana por parte de pai. Desde cedo mostrou uma aptidão incomum para a arte e foi influenciado pela mãe, Matilde, a desenhar, pintar e a participar de atividades relacionadas ao mundo artístico. Em 1977, aos 17 anos, Basquiat e um amigo, Al Diaz, começaram a fazer grafite em prédios abandonados em Manhattan. A assinatura era sempre a mesma: "SAMO" ou "SAMO shit" ("same old shit", ou, traduzindo, "a mesma merda de sempre"). Isso gerou curiosidade nas pessoas, principalmente pelo conteúdo das mensagens grafitadas. Em dezembro de 1978, o veículo Village Voice publicou um artigo sobre as escrituras. O projeto "SAMO" acabou com o epitáfio "SAMO IS DEAD" (SAMO está morto) escrito nas paredes de construções do SoHo novaiorquino.
Em
1978, Basquiat abandonou a escola e saiu de casa, apenas um ano antes de se formar. Mudou-se para a cidade e passou a viver com amigos, sobrevivendo através da venda de camisetas e postais na rua. Um ano depois, em 1979, contudo, Basquiat ganhou um status de celebridade dentro da cena de arte de East Village em Manhattan por suas aparições regulares em um programa televisivo. No fim da década de 1970, Basquiat formou uma banda chamada Gray, com o então desconhecido músico e ator Vincent Gallo. Com o conjunto, tocaram em clubes como Max's Kansas City, CBGB, Hurrahs e o Mudd Club. Basquiat e Gallo viriam a trabalhar em um filme chamado "Downtown 81" (também conhecido por "New York Beat Movie]]. A trilha sonora deste tinha algumas gravações raras da Gray. A carreira cinematográfica de Basquiat também incluiu uma aparição no vídeo "Rapture" da banda Blondie.
Basquiat começou a ser mais amplamente reconhecido em
junho de 1980 quando participou do The Times Square Show, uma exposição de vários artistas patrocinada por uma instituição de nome "Colab". Em 1981, o poeta, crítico de arte e "provocador cultural" Rene Ricard publicou um artigo em que comentava sobre o artista. Isso ajudou a catapultar de vez a carreira de Basquiat internacionalmente. Nos anos consecutivos, Basquiat continuou a exibir sua obra em Nova yorque ao lado de artistas como Keith Haring e Barbara Kruger. Também realizou exposições internacionais com a ajuda de galeristas famosos.
Já em 1982, Basquiat era visto freqüentemente na companhia de
Julian Schnabel, David Salle e outros curadores, colecionadores e especialistas em arte que seriam conhecidos depois como os "neo-expressionistas". Ele começou a namorar, também, uma cantora desconhecida na época, Madonna. Neste mesmo ano, conheceu Andy Warhol, com quem colaborou ostensivamente e cultivou amizade.
Dois anos depois, em 1984, muitos de seus amigos estavam preocupados com seu uso excessivo de drogas e seu comportamento paranóico. Basquiat, então, já estava viciado em heroína. No dia 10 de fevereiro de 1985, Basquiat foi capa da revista do
The New York Times, em uma reportagem dedicada inteiramente a ele. Com o sucesso, foram realizadas diversas exposições internacionais em todas as maiores capitais européias.
Basquiat morreu de uma mistura de drogas (uma combinação de cocaína e heroína conhecida popularmente como "speedball") no seu estúdio, em 1988.

domingo, 26 de julho de 2009

Carolina Quirino -Paisagem Contemporânea






Foi com prazer que recebi esta semana no meu atelier a presença da pintora Carolina Quirino , licenciada recentemente pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa . A Carolina veio estruturar e lançar as primeiras ideias para o seu mestrado subordinado ao tema: A paisagem Contemporânea.
Neste momento trabalha na preparação da sua exposição:” Um pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade”, a inaugurar no próximo mês de Setembro.

João Silva

Wish You Were Here, e um pai feliz.




Uma noite diferente e importante a flutuar no Tejo, num concerto a bordo de um cacilheiro ,quando o meu filho João Miguel que assistia foi convidado a participar.
Um momento marcante com o baptismo de musica ao vivo ,ainda por cima com um tema mítico.
Wish You Were Here
Pink Floyd

Rigor e concentração,com um pai babado.
Parabéns João.

Zeca Sempre.



Coimbra vai homenagear, de 2 de Agosto a 5 de Outubro, um dos homens que mais marcou e que continua a marcar a cidade. Zeca Afonso vai ser assim recordado com um programa intenso que marca os 80 anos do nascimento do cantor. A Câmara espera que a cidade se una nesta homenagem singela mas sentida que “faz justiça” à grandiosidade do homem que foi Zeca Afonso, “uma pessoa normal, que era um pequeno génio”. “O Memorial a José Afonso é uma forma da cidade fazer justiça a um homem que tanto fez por Coimbra”. Mário Nunes, vereador da Cultura, lamenta que a cidade não tenha sabido reconhecer o seu valor e não lhe tenha dado o que merecia no final da sua vida. Entende, no entanto, que nunca é tarde para voltar a enaltecer o valor do homem e do artista que, não tendo nascido na cidade, tão longe levou o seu nome e a sua música.Este Memorial procura abordar as diferentes panorâmicas da música de Zeca Afonso, através de um programa diversificado que procura.O programa começa a 2 de agosto, às 18h00 com a colocação de uma placa na casa onde viveu José Afonso, na Avenida Dias da Silva. Prossegue na Pastelaria Zizânia (situada no prédio onde viveu o músico), com o lançamento da obra “José Afonso: da boémia coimbrã à solidariedade utópica (1940-1969)”, de autoria de Jorge Cravo; sendo também interpretadas algumas baladas de José Afonso, por António Dinis (voz) e João Martins (viola), elementos do Grupo “Verdes Anos”.O lançamento deste livro assume-se como um dos pontos altos deste programa, já que procura dar a conhecer melhor o músico e o homem. Segundo Jorge Cravo, da Biblioteca e Arquivo da autarquia, procura “desmistificar um pouco o Zeca Afonso, mostrando o homem de ‘carne e osso’, com as suas ideias, manias e sonhos, levando os mais novos a interessar-se pela canção de Coimbra e a ver o Zeca como um colega e como um testemunho de que qualquer um deles pode pegar na canção de Coimbra e dar-lhe a volta que entender”.Nesta obra, que será oferecida a todos os presentes e que será posteriormente colocada à venda a um preço simbólico, o público poderá descobrir alguns dos “hábitos e manias” desde homem que, como realça Jorge Cravo, “sendo uma pessoa normal era um pequeno génio”. Assim, poderá descobrir, por exemplo, que “era normal Zeca Afonso andar sempre com uma saca de comprimidos para dormir e outra para acordar, que era normal calçar um sapato castanho e um preto e que era normal em vez da batina vestir a saia da mulher”. Depois da apresentação desta obra, o programa prossegue, às 21h30, no Teatro da Cerca de S. Bernardo, com um espetáculo musical, intitulado “Tributo a Zeca Afonso”, pela Companhia Bengala. Os ingressos têm um custo de 5 euros, sendo que os estudantes e as pessoas com mais de 65 anos pagam apenas 3 euros e os funcionários da Câmara Municipal de Coimbra, Serviços Municipalizados e Empresas Municipais 2,50 euros.O Memorial continua a 2 de setembro, às 18h00, na Casa Municipal da Cultura, com as “Baladas do Zeca”, pelo Quarteto de Cordas da Orquestra Clássica Centro; e com a inauguração da exposição Biodiscográfica “José Afonso: o solidário utópico”.No dia 5 de setembro, às 15h30, também na Casa da Cultura, decorrem as “Conversas a meio da tarde”, sobre o tema “A Música de José Afonso”, que terá como intervenientes Manuel Rocha, Rui Pato, José Mário Branco. A segunda sessão destas conversas, agendada para dia 12 de setembro, à mesma hora e no mesmo local, terá como temática “A poesia de José Afonso”, e terá como intervenientes José Manuel Mendes, Rui Namorado (a confirmar), António Vilhena. Segue-se um recital de poesia de José Afonso, pela companhia Bonifrates.Também no dia 12 decorre no Teatro Académico de Gil Vicente, às 21h30, o espetáculo de dança “Dançar Zeca Afonso” (de António Rodrigues), pela CeDeCe - Companhia de Dança Contemporânea. O acesso é gratuito.O programa prossegue a 19 de setembro, com nova sessão das “Conversas a meio da tarde”, sob o tema “A vivência coimbrã de José Afonso”, por Carlos Couceiro (a confirmar), Durval Moreirinhas, Luiz Goes.No dia 26 o TAGV acolhe, às 21h30, o espetáculo “Meditherranios”, com Luísa Amaro (guitarra portuguesa), António Eustáquio (guitolão), Gonçalo Lopes (clarinete soprano e baixo), Baltazar Molina (percussão oriental) e que conta com a participação especial de Mário Laginha (piano). A entrada é gratuita. O Memorial termina a 3 de outubro, às 21h30, no Pavilhão Centro de Portugal, com o espetáculo “Tributo a José Afonso”, pelo Grupo Canção de Coimbra.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Eagles. Uma noite fantástica.








Noite memorável ontem no Pavilhão Atlântico. Um sonho que se tornou realidade, uma banda mítica, os Eagels deram um concerto memorável. Rigor na execução, o deslumbramento de ouvir aquele naipe de vozes que fizeram historia, num espectáculo que durou três horas.
Tudo isto não seria possível sem o extraordinário técnico de som da banda. Uma equalização perfeita num pavilhão difícil. E para acabar, um concerto partilhado pelos meus enormes Amigos ,Mário Oliveira e Francisco Landum e pelos meus dois filhos Bruno e João.
Que mais quer um pai ?
Os Eagles é uma das mais famosas bandas de Country Rock, tendo os seus LP'S em primeiro lugar nos Estados Unidos da América(EUA), durante quatro anos seguidos (1972 / 1976).
Formado no início dos anos 70, por Randy Meisnner (baixo), Bernie Leadon (guitarra e vocais), Don Hendley (bateria) Glenn Frey (guitarra) lançaram o LP de estréia em 1972, com excelente e imediata aceitação. Depois do terceiro LP, o guitarrista e vocalista Don Felder uniu-se ao grupo. Em 1976, Bernie Leadon deixou a banda, sendo substituido por Joe Walsh. Mas ao contrário do que se poderia esperar, a alteração não prejudicou o sucesso do The Eagles. Em 1980 fizeram uma série de shows com óptima aceitação por parte do público e ganharam um Prêmio Grammy.
A Formação atual do grupo inclue também Joe Vitale (teclados) e o baixista e vocalista Timothy B. Schmitt, substituindo Randy Meisner.
O seu hit mais famoso é "Hotel California" Gravado no Criteria Studios, Miami & The Record Plant, Los Angeles, March - October - 1976.
Os Eagles são das bandas mais rentáveis da indústria musical dos EUA. O seu álbum ‘Their Greatest Hits 1971-1975’ vendeu mais de 29 milhões de cópias, número recorde naquele país, 41 milhões no mundo.
No total, os Eagles já venderam mais de 90 milhões

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O Projecto 12-15 na revista Visão.



Da jornalista Joana Clara, agora a colaborar na revista Visão recebi o seguinte texto:

Bom dia professor João.

Espero que esteja tudo bem consigo. Estou a contactá-lo porque tenho algumas novidades para partilhar consigo. A primeira é que comecei há cerca de duas semanas o meu estágio na revista Visão. Estou na secção de Cultura e na 5ºf passada saiu um artigo da minha autoria debruçado na estreia do novo filme do Harry Potter. Fiz ainda alguns pequenos artigos para a área "Pessoas", ainda dentro da Cultura. Gostaria que lesse e que, posteriormente, partilhasse comigo a sua opinião.

Peço, mais uma vez, desculpa pela minha falta de tempo para consultar a minha caixa de correio, mas tem sido uma correria do último mês para cá. Estive em fase de exames e entrega de trabalhos, como lhe revelei da última vez que estive consigo. A reportagem sobre o Projecto 12-15 ainda está em desenvolvimento. Entreguei ao professor António Granado apenas o que tinha escrito até então, porque, na altura, eu e muitos colegas, não conseguimos terminar todos os trabalhos de Atelier de Jornalismo a tempo. Expliquei ao professor que não queria entregar um trabalho finalizado, mas sem qualquer qualidade jornalística. Disse-lhe que não era uma questão de perfeccionismo, mas de profissionalismo e de princípios. Assim que concluir a reportagem, terei todo o gosto em encontrar-me consigo para lhe mostrar o resultado final, há muito aguardado por toda a equipa do Projecto, sempre amável e disponível para ajudar. A minha intenção (e isto, se concordar) era tentar publicar a reportagem na secção Sociedade da Visão, porque penso que é onde melhor se enquadra. O professor Granado, também jornalista do Público, gostou imenso do tema da reportagem e disse-me que se precisasse de ajuda para tentar publicar noutro órgão de comunicação social, ele mostrar-se-ia disponível para tal.

Gostaria ainda de saber também novidades sobre si e sobre esse pequeno grande mundo que é o Projecto 12-15 e todas as pessoas que o fazem nascer todos os dias.

Não pense que me esqueci do que me pediu acerca do seu livro "O Amor Dá Berros Quando se Irrita". Ando a preparar um pequeno texto para lhe enviar o mais brevemente possível. Já tive oportunidade de falar acerca do Projecto com alguns dos meus colegas da Visão e de lhes mostrar o seu livro e também eles ficaram extremamente interessados.

Com os melhores cumprimentos e com as maiores saudades da sua boa-disposição e simpatia,

Joana Clara

domingo, 19 de julho de 2009

Acabou a Guerra - pintura e colagem de João Silva


A Guerra
E tropeçavam todos nalgum vulto,
quantos iam, febris, para morrer:
era o passado, o seu passado — um vulto
de esfinge ou de mulher
Caíam como heróis os que não o eram,
pesados de infortúnio e solidão.
(Arma secreta em cada coração:
a tortura de tudo o que perderam.)
Inimigos não tinham a não ser
aquela nostalgia que era deles.
Mas lutavam!, sonâmbulos, imbeles,
só na esp'rança de ver, de ver e ter
de novo aquele vulto
— imponderável e oculto
— de esfinge, ou de mulher.
(David Mourão-Ferreira, in "Tempestade de Verão")

João Silva - A Mulher Suspensa



A mulher suspensa
Não está tensa
É a vertigem
De não ser virgem

Fazer dela um avião
Um avião com asas
Como as do frango
Grelhado na brasa

E se te arde a língua
É porque estas à mingua
Vem-te baptizar
No molho picante

Apanha o avião
Deixa o teu conforto
Tens que voar
Porque, podes respirar.

(E já estares morto.)

João Silva 09

David Mourão Ferreira - E por vezes.


E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos

E por vezes encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.


David Mourão Ferreira

O Zé,o Jazz e a Comunicação.











Foi com prazer que estive da inauguração da exposição de pintura dedicada ao Jazz ,do meu Amigo José Raimundo.
Pintar a música e ainda por cima o Jazz, a música mais criativa do mundo não é tarefa fácil. O Zé pega no tema e como musico que é, consegue descrever na tela essa emoção , esse fenómeno que é a comunicação entre músicos, nesse sentimento indescritível que não se pode explicar por palavras e que sucede durante a execução e o fluir do tema.
Muito especial para mim é o quadro dedicado ao grande baterista Jack De Jonete.
Uma exposição a revisitar no Espaço Artever de 18 de Julho a 18 de Agosto.

João Silva

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Carla,Malroux e Relicarios do tempo , ou a materialização do momento.



Uma opinião da minha amiga e colega Carla Pocinho .


Tenho passado aqui muitas vezes, mas normalmente é sempre de raspão e sempre sem comentar. Hoje, quase anónima, digo-te que os relicários estão fantásticos.

E gosto de Malraux...Beijos


Carla Pocinho

Eduardo Lourenço,novo livro.A esquerda na Encruzilhada ou Fora da Historia.




A Esquerda na Encruzilhada ou Fora da História de Eduardo Lourenço

«Não se pode ganhar uma partida de xadrez sem que o adversário cometa erros. Esta máxima não é apenas verdadeira para o mais subtil e cruel dos jogos que os homens inventaram. Se neste momento a esquerda europeia está, ou parece estar, numa situação particularmente melindrosa, é talvez apenas por ter imaginado que os erros ou pecados políticos, sociais e económicos só podiam ser cometidos pela Direita, ou, talvez melhor, que a Direita é a expressão, nessa ordem, da História como pecado.» Num livro oportuníssimo, Eduardo Lourenço dá-nos a conhecer a sua visão sobre a esquerda e a democracia no contexto histórico, social e cultural do Ocidente, e de Portugal em particular. Eis os títulos de alguns capítulos desta obra: «A Esquerda como Problema e como Esperança» e «Para uma Esquerda sem Ilusões ou A Memória Curta». Um pensador maior a reflectir sobre o rumo que o socialismo tomou e pode tomar.
Uma boa noticia ,a Gradiva edita a obra completa de Eduardo Lourenço.

Carolina,Pintura,Agostinho,Sintra, e uma tarde de Sol




Foi um prazer ter recebido no meu ateliê a pintora Carolina Quirino. Falamos de tudo e de nada, e desse extraordinário milagre diário que é viver.Por fim fomos parar a um tema que muito me agrada, Agostinho da Silva .
Dela recebi a seguinte mensagem.

Olá João
Como diz o "nosso Agostinho da Silva" (sim, porque também já o adoptei como referência) quando se faz o que se gosta não se trabalha, cria-se e a tarde de hoje foi um desses momentos.Se Agostinho da Silva vai mudar a minha vida ainda não sei, o "futuro é sonhar" e demasiado próximo do presente para ser previsto e definido mas, indubitavelmente, preencheu o meu dia e ouvi cada uma das entrevistas com a máxima atenção e absorvi tanto quanto pude do incontável conhecimento e inteligência com que aquele ser excepcional encarava o mundo , "uma excepção entre os biliões de excepções no mundo".Obrigada por me dar a conhecer o seu espaço de trabalho, as suas referências e as relíquias de que vive rodeado e, sobretudo, o modo inteligente e sereno com que encara a vida que admiro muito sinceramente. Obrigada pela partilha de experiência, conhecimento e pela amizade.Vi cada uma das 39 imagens com colagens e pinturas mas aquele último conjunto das caixinhas de madeira das memórias simplesmente adorei.
Um beijinho grande

Carolina Quirino

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O meu olhar - Alberto Caeiro


O Meu Olhar
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo.
Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...

Alberto Caeiro

Pancho Guedes - Vitruvios Muzambicanos








A exposição que visitei a seguir ao Museu de Arqueologia ,foi uma extraordinária surpresa ,pois não conhecia a existência de tão interessante criador. Foi em boa hora que o Museu Berardo resolveu organizar este evento. Uma estalada de cor e muito especialmente de forma.

Amâncio d'Alpoim Miranda Guedes, mais conhecido como Pancho Guedes (1925) é um arquitecto, escultor e pintor português modernista. É autor do "Casal dos Olhos", em Eugaria, nos arredores de Sintra. Estudou em S. Tomé e Príncipe, Guiné, Lisboa, Lourenço Marques (actual Maputo), Joanesburgo e no Porto. Trabalhou no departamento de arquitectura na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo e na Universidade Lusófona, em Lisboa, durante o ano académico de 1996/97.
Grande parte da sua obra encontra-se em
Moçambique e data da década de 1950 e 1960.
O Museu Berardo continua com visitas gratuitas para todas as suas exposiçõe.Muitas peças lá exposta se fosse noutra capital europeia era preciso pagar para as contemplar.
E já agora ,parabens ao museu que faz dois anos, e vai ter hoje actividades sem parar durante 24 horas.
Sem desculpas.
João Silva

Visitei hoje ao fim da tarde, uma das cinco exposições patentes no Museu Nacional de Arqueologia.Uma interessante abordagem ao fenomeno religioso.

AS RELEGIÕES DA lUSITÂNEA

O fenómeno religioso, na sua historicidade, tem sido alvo de múltiplas abordagens interpretativas. Recorde-se Frazer e a abrangência comparativista; Lévi-Strauss e os arquétipos estruturalistas; Dumézil e os esquemas funcionalistas; Eliade e a universalidade do simbólico. Porém, nada mais genial do que a breve metáfora engendrada pelo inglês Murray, desde logo adoptada e desenvolvida por Dodds no seu irreverente estudo sobre a cultura grega e o irracional: o fenómeno religioso revela-se, em todas as épocas e regiões, como um “conglomerado herdado”. E comenta Dodds: “A metáfora geológica é feliz porque o crescimento religioso é (...) a aglomeração mais do que a substituição”. Por isso, quando hoje estudamos as religiões do passado, não procuramos apenas conhecer melhor as nossas longínquas raízes culturais, antes lidamos com qualquer coisa ainda presente – embora de forma parcelar e, por vezes, subjectiva – na nossa actual vivência como Homo religiosus que (queiramos ou não...) todos somos.Daí, o inusitado e sempre crescente interesse que desperta, no grande público, a abordagem destes temas. Daí, o esperado êxito da futura exposição promovida pelo Museu Nacional de Arqueologia, no virar dos milénios, sobre as Religiões da Lusitânia.Hispania Aeterna e Roma Aeterna. Duas tradições que convergem e se sincretizam por força da Pax Romana. Mas que o Oriente, donde sempre vem a Luz, acaba por “converter”... E o “aglomerado” vai-se avolumando, encobrindo ou evidenciando aqui e além alguns dos seus componentes, mas nada perdendo, tudo armazenando. São forças secretas da Natureza, numina tutelares, divindades várias, heróis deificados, práticas rituais e mágicas, a Vida e a Morte. São textos obscuros, que é preciso decifrar para ler, são objectos e imagens de um passado duas vezes milenar que, após descodificados, se vêm a revelar bem mais presentes do que suporíamos. Será o Tempo uma quimera?Um nome, por detrás de tudo isto: Leite de Vasconcellos, o grande estudioso que, há cem anos, pela primeira vez estudou exaustiva e metodicamente as Religiões da Lusitânia. Uma homenagem? Sem dúvida! Mas, certamente, muito mais do que isso...


José Cardim Ribeiro

Comissário Científico da Exposição “Religiões da Lusitânia”

terça-feira, 14 de julho de 2009

Quinta da Regaleira em Sintra













Quinta da Regaleira
Um lugar único, um bom roteiro agora que estamos em época de ferias.

Situada em pleno Centro Histórico de Sintra, classificado Património Mundial pela UNESCO, a Quinta da Regaleira é um lugar com espírito próprio. Edificado nos primórdios do Século XX, ao sabor do ideário romântico, este fascinante conjunto de construções, nascendo abruptadamente no meio da floresta luxuriante, é o resultado da concretização dos sonhos mito-mágicos do seu proprietário, António Augusto Carvalho Monteiro (1848-1920), conhecido popularmente nas gentes de Sintra pelo caga milhões, ou Monteiro dos milhôes ,por ser um homem de muito dinheiro.Tudo isto não era possivel sem o talento do arquitecto-cenógrafo italiano Luigi Manini (1848-1936) ,seu amigo.

A não perder

João Silva