O Meu Olhar
O meu olhar é nítido como um girassol.
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo.
Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos)
O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
Alberto Caeiro
Alberto Caeiro
Olá João,
ResponderEliminarComo diz o "nosso Agostinho da Silva" (sim, porque também já o adoptei como referência) quando se faz o que se gosta não se trabalha, cria-se e a tarde de hoje foi um desses momentos.
Se Agostinho da Silva vai mudar a minha vida ainda não sei, o "futuro é sonhar" e demasiado próximo do presente para ser previsto e definido mas, indubitavelmente, preencheu o meu dia e ouvi cada uma das entrevistas com a máxima atenção e absorvi tanto quanto pude do incontável conhecimento e inteligência com que aquele ser excepcional encarava o mundo , "uma excepção entre os biliões de excepções no mundo".
Obrigada por me dar a conhecer o seu espaço de trabalho, as suas referências e as relíquias de que vive rodeado e, sobretudo, o modo inteligente e sereno com que encara a vida que admiro muito sinceramente. Obrigada pela partilha de experiência, conhecimento e pela amizade.
Vi cada uma das 39 imagens com colagens e pinturas mas aquele último conjunto das caixinhas de madeira das memórias simplesmente adorei.
Um beijinho grande
Carolina Quirino