sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Francis Bacon, o dedo na ferida através da pintura.





Francis Bacon

Pintor autodidacta, Francis Bacon nasceu em Dublin em 1919, de pais ingleses, e viria a morrer em Madrid, a 28 de Abril de 1992. Nunca recebeu uma educação artística formal, contentando-se, segundo as suas próprias palavras, em "experimentar". A influência de Picasso (que viria a criticar) e da estética cubista faz-se sentir nos primeiros trabalhos. Instalou-se em Londres como decorador de interiores, mas privilegiando sempre a pintura. Em 1933 a sua Crucificação ilustrava o livro de Herbert Read Art Now. Pintou muitos trabalhos em série, a partir de fotografias por vezes rasgadas e amarrotadas, que acumulava no chão, de animais selvagens, de combates de boxe, de futebolistas. O retrato de Inocêncio X de Velásquez viria a tornar-se uma obsessão na sua obra. Nos anos 50 pintou uma série de telas inspiradas nas máscaras de William Blake e na pintura de Van Gogh. As figuras são solitárias, sofredoras, anómalas, deformadas, vorazes. Tratava-se de ir mais longe do que a mera representação ou narração pictural. Para Bacon, tratava-se de reencontrar a sensação. Durante muito tempo o seu objectivo foi o de capturar a expressão instintiva e animal da dor. Dor e violência enquanto confrontos com a vida e com a morte: em Tríptico em homenagem a George Dyer (1971) a morte atinge-o pessoalmente. Para classificar a sua pintura usaram-se adjectivos como visceral, alucinante, brilhante, chocante, visionária. Enquanto artista, viveu a compulsão de rasgar o véu das aparências.

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