Pintor português, formado em Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa (1974-1976), Julião Sarmento nasceu em 1948, em Lisboa e começou a sua carreira durante a década de 70, optando então pela figuração: de entre as suas primeiras obras sobressaem pinturas que representam animais exóticos, enquadrados de uma forma que já fragmentava a figura pintada. A primeira exposição individual ocorreu na Sociedade Nacional de Belas-Artes. Foi influenciado inicialmente pela pop art na medida em que o meio de trabalho, para a pintura de Sarmento, ou eram imagens tiradas dos jornais ou a fotografia, que, por vezes, era tão importante quanto o filme. Isto é verdade mesmo nos casos em que uma fotografia transferida para a tela era utilizada apenas como um de muitos elementos compositivos.
Contudo, Sarmento soube preservar a sua identidade plástica determinante para se afirmar no contexto da pintura internacional.
A obra de Sarmento viria a adquirir pleno sentido e entendimento durante a década de 1980, em que regressou à pintura, depois de uma fase mais marcada pela fotografia e pelo cinema. Para além das diversas fases por que passou, e das diferentes técnicas utilizadas - pintura, desenho, fotografia, vídeo, cinema, escultura - uma constante se identifica: o desejo. Esse desejo é, em primeiro lugar, o desejo de um corpo, forçosamente feminino, que se desenha incompletamente por sobre as superfícies texturadas a branco ou verde. Mas é também a fragmentação de imagens que surge nas obras dos anos de 1980 (como, por exemplo, Estratégias de Sobrevivência , de 1984, ou Mehr Licht , de 1985). A referência ao desejo não implica, necessariamente, na obra de Sarmento, a representação de figuras ou situações explicitamente sexuais. A partir do fim desta década, a sua pintura adquire fundos extremamente texturados. Sobre estes fundos, inscreve-se uma figura ou uma cena, ou ainda fragmentos de diversas figuras, sempre por completar, sempre com uma sugestão de contida violência que nunca é realizada: são as séries das Pinturas Brancas e Emma .
Sarmento tem conduzido uma carreira internacional a partir da sua residência em Sintra, foi o único representante de Portugal na 47.a Bienal de Veneza (1997), onde voltou a expor em 2001, e das suas exposições individuais salientam-se: Werke 1981-1996 (1997), Haus der Kunst , Munique; Fundamental Accuracy (1999), Hirshhorn Museum e Sculpture Garden , Washington D.C.; Flashback (1999), Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia , Palacio de Velázquez, Madrid; Something is Missing (2002), Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto (com Atom Egoyan).
A sua obra está presente nas colecções do Museum of Modern Art e do Solomon R. Guggenheim Museum , Nova Iorque, do Hirshhorn Museum , Washington, do Centro Georges Pompidou, Paris, do Hara Museum of Contemporary Art , Tóquio, assim como da Staatsgalerie Moderner Kunst , Munique.
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