quinta-feira, 28 de abril de 2011

Revisitando.Nome de Guerra de Almada Negreiros


Nome de Guerra - Almada Negreiros

Obra narrativa de 1938 que explora a psicologia de um jovem provinciano - Antunes, que tem pais "abastados" e que o mandam para a capital. Aí, Antunes vai conhecer Judite, mulher de clubes e recomendada pelo seu Tio, que o inicia no Amor. O jovem vai descobrir a autodeterminação do seu íntimo pessoal, encontrando-se com a humanidade, que não se procura, encontra-se.

O romance evidencia, portanto, "o imperativo das decisões vitais, na improbabilidade de uma ciência racional e experimental que as informe a cada passo (...) apresentando características de ficção psicologística burguesa ao gosto dos anos 30, com a vantagem, no entanto, de a motivação das personagens ou de cada atitude ser dada de um modo metafórico, ou pelo menos imaginoso, e não abstracto" (in História Ilustrada das Grandes Literaturas - Literatura Portuguesa VIII, 1ª edição, 2º Volume, Lisboa, Editorial Estúdios Cor, 1973, p. 698).

Obra na qual Almada recolhe e recria uma série de retratos que definiam as personagens literárias de Lisboa e a própria cidade mediante uma extraordinária capacidade de descrição física, um traço de desenho magistral:

"Tinha um pescoço horrível, sem ligação da nuca com as costas. Uma cova em triângulo entre as omoplatas e a falha do pescoço. E aqui a cor era ordinária. Porém, a nuca perfeita de redondeza, nem saliente, nem retraída. O tronco era uma verdadeira maravilha. Era todo o segredo da sua formosura. Os seios hediondos, partidos, duas excrecências inutilizadas. O busto curto mas sólido. Os ombros grandes e largos, levemente subidos. Os braços apertavam, desde o ombro até ao pulso, por uma forma ridícula e sem distância. As ancas cerradas, entre menina e mulher. A linha dos ombros mais larga que a das ancas, conforme a robustez do tronco. O ventre, bem posto, era contudo mais admirável do que formoso, mais escultural do que atraente. O umbigo, o sexo, as virilhas era tudo infantil, inocente..."os mais larga que a das ancas, conforme a robustez do tronco. O ventre, bem posto, era contudo mais admirável do que formoso, mais escultural do que atraente. O umbigo, o sexo, as virilhas era tudo infantil, inocente..."



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