terça-feira, 13 de março de 2012

Universidade de Lisboa premeia Eduardo Lourenço



No primeiro livro inteiramente dedicado ao ensaísmo de Eduardo Lourenço que se publicou, no já distante ano de 1997, Maria Manuela Cruzeiro fala em duas opções «antagónicas e redutoras» que seria possível tomar na hermenêutica da obra do autor de O Labirinto da Saudade. São elas: por um lado, «a análise crítica a partir de princípios metodológicos claros e rigorosos»; por outro «o panegírico celebratório que, por vezes, se confunde com o mais modesto plágio». Manuela Cruzeiro visa, em Eduardo Lourenço. O Regresso do Corifeu (Lisboa, Editorial Notícias, Col. Ciência Aberta) trilhar um outro caminho, procurando assim superar o discurso habitual que, em Portugal, se costuma produzir sobre o ensaísta e que, segundo ela, «tem oscilado entre os dois excessos de amor e ódio» (p. 9). Não é este o lugar para discutir nem a grelha de leitura (ou melhor, de desleitura) de que Manuela Cruzeiro se pretende distanciar, nem se esse objectivo é, no livro de que estamos a falar, alcançado. O Regresso do Corifeu é uma obra ainda hoje extremamente importante não só pelas pistas que abre como pelas questões que suscita (e são muitas...).Ler Eduardo Lourenço lembrou-se da expressão panegírico celebratório quando, esta manhã, tomou conhecimento, ao abrir (como sempre o faz) o Diário de Notícias, que a Universidade de Lisboa decidiu atribuir o seu Prémio 2012 a ... Eduardo Lourenço! Desfaça-se, desde já, qualquer equívoco. Não se contesta nem a justeza, nem a pertinência da decisão. Seria pelo menos absurdo fazê-lo. O Júri, composto por personalidades de indiscutível mérito científico e cultural, deliberou «após uma votação que se pautou pela unanimidade da escolha». No entanto, a reacção de Eduardo Lourenço não deixa de ser significativa. «Fui informado há poucos minutos deste [Prémio] e já recebi um telefonema de um amigo meu a brincar com a situação: “Agora é só prémios!” É que este foi tão próximo do Prémio Pessoa que ainda não estou refeito da novidade. Por um lado é ineseperado, por outro é tão próximo que as pessoas até vão pensar que eu ando a concorrer aos prémios, coisa que nem me passaria pela cabeça.»

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