domingo, 21 de outubro de 2012

Linhas de Wellington





A História

Em 27 de Setembro de 1810, as tropas francesas comandadas pelo marechal Massena, são derrotadas na Serra do Buçaco pelo exército anglo-português do general Wellington. 

Apesar da vitória, portugueses e ingleses retiram-se a marchas forçadas diante do inimigo, numericamente superior, com o objectivo de o atrair a Torres Vedras, onde Wellington fez construir linhas fortificadas dificilmente transponíveis. 


Simultaneamente, o comando anglo-português organiza a evacuação de todo o território compreendido entre o campo de batalha e as linhas de Torres Vedras, numa gigantesca operação de terra queimada, que tolhe aos franceses toda a possibilidade de aprovisionamento local.  


É este o pano de fundo das aventuras de uma plêiade de personagens de todas as condições sociais – soldados e civis; homens, mulheres e crianças; jovens e velhos -, arrancados à rotina quotidiana pela guerra e lançados por montes e vales, entre povoações em ruína, florestas calcinadas, culturas devastadas. 


Perseguida encarniçadamente pelos franceses, atormentada por um clima inclemente, a massa dos foragidos continua a avançar cerrando os dentes, simplesmente para salvar a pele, ou com a vontade tenaz de resistir aos invasores e rechaçá-los do país, ou ainda na esperança de tirar partido da desordem reinante para satisfazer os mais baixos instintos. 


Todos, quaisquer que sejam o seu carácter e as suas motivações – do jovem tenente idealista Pedro de Alencar, passando pela maliciosa inglesinha Clarissa Warren, ou pelo sombrio traficante Penabranca, até ao vindicativo sargento Francisco Xavier e à exuberante vivandeira Martírio -, convergem por diferentes caminhos para as linhas de Torres, onde o combate final deve decidir do destino de cada um.



Valeria Sarmiento:

« Não há dúvida de que as invasões francesas a Portugal estavam completamente afastadas do meu mundo. Comecei por comparar o êxodo da população, obrigada a deixar as suas terras por causa da guerra, ao meu próprio exílio, e , deste modo, aproximar-me da narrativa. 

É inegável a ligação afectiva a este filme. Depois da morte do Raúl, o produtor Paulo Branco convidou-me a retomar o projecto. Tive medo mas nunca dúvidas: tinha que o fazer pelo Raúl. Foi uma homenagem minha e da equipa - técnicos e actores - que sentiram exactamente o mesmo que eu. 


Trabalhar com o Carlos Saboga é sempre uma delícia. Tanto o guião de “Linhas de Wellington” como o de “Mistérios de Lisboa” são excelentes e obedecem a uma estrutura mais próxima de “As mil e uma noites” do que a uma produção de Hollywood. Ele deu uma grande importância às personagens femininas e isso distingue este projecto de todos os outros filmes de batalha. 


Filmámos em paisagens diferentes, sobretudo na zona Oeste, num ambiente singular que, a par da fotografia e da música, deu ao êxodo das populações uma força esmagadora. 


Nunca tinha filmado tantas pessoas juntas mas com os meios modernos de rodagem acabou por ser muito fácil. Acredito que não tenha sido tão fácil para os figurantes - alguns passaram pelo mesmo frio que as tropas francesas - mas falei com vários que me disseram ter-se divertido muito. 


O filme acabou por ser mais do que um apego sentimental. Foi um desafio e um dever que me deu um enorme prazer e, por isso, agradeço a todos os que nele participaram. 


Acredito que trabalhámos todos em diálogo com o Raúl, que nos apoiava sempre lá do alto. »


Sem comentários:

Enviar um comentário