segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Nova Águia nº 10



Nova Águia nº 10

EDITORIAL

Alguns continuam a defender que a nossa tradição filosófica e cultural é pobre, mas a NOVA ÁGUIA persiste em provar que assim não é. Não pretendendo afirmar que essa tradição filosófica e cultural é “melhor do que as outras” – nunca foi esse o nosso espírito –, procuraremos apenas demonstrar que ela é uma tradição rica, digna de ser honrada. Assim, claro está, a conheçamos.

No décimo número da NOVA ÁGUIA, mantemos essa demanda, destacando, desde logo, Leonardo Coimbra, por ocasião dos 100 anos d’O Criacionismo, uma das obras mais marcantes da nossa tradição filosófica. Leonardo Coimbra foi, como é sabido, uma das figuras maiores da “Renascença Portuguesa” – cujo centenário igualmente neste ano se comemora, conforme salientámos no número anterior. Enquanto Professor da Faculdade de Letras do Porto, foi ele, de resto, o grande “Mestre” de alguns autores de referência da Filosofia Portuguesa – nomeadamente, Álvaro Ribeiro e José Marinho (por nós evocados no oitavo número).

A par de Leonardo Coimbra, destacamos neste número Dalila Pereira da Costa – falecida em Março deste ano. Tal como fizemos com António Telmo (no sexto número), a NOVA ÁGUIA homenageia assim aqueles que, nas últimas décadas, mais têm contribuído para o enriquecimento da nossa tradição filosófica e cultural. E Dalila Pereira da Costa foi, sem dúvida, uma das autoras que nos deixou uma Obra maior, que certamente continuará a interpelar as próximas gerações.

Para além destes dois autores, neste número destacamos ainda duas figuras mais antigas mas, nem por isso, menos relevantes: Manuel Laranjeira e João de Deus. Sobre João de Deus, publicamos alguns textos apresentados num Seminário que se realizou, em Abril deste ano, sobre a sua Obra, que tão inspiradora foi para a geração da “Renascença Portuguesa”. Sobre Manuel Laranjeira, por ocasião do centenário do seu falecimento, publicamos alguns textos que, não por acaso, salientam a actualidade da sua Obra. Como não nos cansamos de dizer, a NOVA ÁGUIA, enraizando-se numa tradição, nunca teve um olhar passadista – quando se volta para o passado, é para repensar o nosso presente e, sobretudo, abrir horizontes de futuro.

Como sempre tem acontecido, também neste número houve espaço para desenvolver outros temas e evocar outros autores – Teixeira de Pascoaes, desde logo, por ocasião dos 100 anos d’O Saudosismo (recordamos que o Poeta da “Renascença Portuguesa” foi o autor de capa do quarto número da revista), mas também Faria de Vasconcelos e Milton Vargas, insigne filósofo brasileiro recentemente falecido, que, como recorda António Braz Teixeira, foi «membro destacado do que se convencionou designar por “Escola de São Paulo”, movimento especulativo desenvolvido na capital paulista, durante a década de 50 e 60 do século XX, em torno do Instituto Brasileiro de Filosofia».

Para além das secções habituais da Revista, que se mantêm, neste número inauguramos uma nova, “Noticiáguio”, que, mesmo a fechar, regista alguns acontecimentos dignos de nota. Como sempre, ficaram muitos textos de fora – salientamos, em particular, dois conjuntos textuais sobre dois Poetas, Ramos Rosa e Couto Viana, que iremos publicar já no próximo número, que terá como tema maior o Mar, na sua relação com a nossa Cultura, com a nossa Língua, já que, seguindo o lapidar mote de Vergílio Ferreira: “Da minha língua vê-se o mar”. No décimo número da NOVA ÁGUIA, poderíamos, talvez, ter um registo mais comemorativo – afinal, não são muitas as revistas deste cariz que atingem esta marca. Mas, também aqui, preferimos olhar para o futuro – quando chegarmos ao centésimo número, faremos, então sim, um número comemorativo. Fica desde já prometido.

A Direcção da NOVA ÁGUIA




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