O filósofo José Gil classificou o mais recente romance de António Lobo Antunes, "Sôbolos Rios Que Vão", como "um grande livro, com muitos aspectos insólitos e inéditos na escrita do autor".
"É uma obra torrencial e uma das mais belas de Lobo Antunes", disse José Gil, no Museu da Água, em Lisboa, na sessão de apresentação do livro, editado pela Dom Quixote, que contou com a presença do autor.
O pensador começou por falar da "máquina literária de António Lobo Antunes", que tem como principais características "o tempo da escrita", composto por várias camadas de planos, dispostos em frases curtas e discurso directo, e o "entretecer desses planos sem que daí resulte uma narrativa linear", já que "a narrativa seria, afinal, a corrente de escrita ou o pensamento mesmo".
Essa máquina literária "funciona em pleno em 'Sôbolos Rios Que Vão'", defendeu José Gil, já que "neste romance quase parece, às vezes, que se urde uma trama", da qual "a espera e não espera da morte será porventura o traço mais evidente".
António Lobo Antunes comoveu-se com as palavras de José Gil - a quem agradeceu o facto de o "ter lido de peito aberto, que é a única maneira de se ler" - e falou da infância, da vontade que já tinha de escrever, das coisas más que escrevia e queimava depois em "pequenos autos de fé" no quintal e de não saber ainda que com trabalho poderia melhorar.
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