Neste número, onde fazemos o balanço dos 100 anos da República, reunimos cerca de três dezenas de textos, que, uma vez mais, nos chegaram dos mais diferentes lugares do espaço lusófono, de insignes personalidades da nossa Cultura. Como sempre, as perspectivas são diversas, mas, em todas elas, se sente, em maior ou menor medida, um travo de insatisfação – sinal de que a promessa republicana, 100 anos após a sua instauração, está ainda muito longe de poder ser dada por cumprida. Como defenderam os nomes maiores da Renascença Portuguesa, a República não se cumpriria pela mera substituição do Chefe de Estado – de Rei hereditário para Presidente eleito. Muito para além disso, a República, para a geração da Renascença Portuguesa, era uma promessa de maior alcance, em prol da constituição de uma verdadeira Comunidade. 100 anos após a instauração dessa promessa, verificamos que ela ainda não se cumpriu. Mas não ficamos pela mera lamentação, como, infelizmente, é costume entre nós. Antes abrimos horizontes para que essa tão generosa promessa se possa finalmente cumprir, também aqui seguindo o exemplo das pessoas da Renascença Portuguesa: pessoas que tinham um amplo e profundo sentido da Cultura, que incluía – diríamos mesmo: que exigia – um forte empenhamento social e político, ainda que não necessariamente partidário.
Para além de evocarmos o Centenário da República, quisemos, neste número, assinalar quatro efemérides: o bicentenário do nascimento de Alexandre Herculano; o centenário do nascimento de Miguel Reale; o cinquentenário do falecimento de Jaime Cortesão; o ano da morte de António Telmo, colaborador da NOVA ÁGUIA desde o primeiro número, que nos deixou no dia 21 de Agosto. Uma vez mais, a NOVA ÁGUIA celebra, de forma assumida e descomplexada, os nomes maiores da nossa Cultura.
A par das rubricas habituais, houve ainda espaço, neste número, para regressarmos ao tema da Europa, numa secção em que se destaca um texto de Dalila Pereira da Costa, igualmente colaboradora desta revista desde a primeira hora.
Como tem acontecido a propósito de todos os números da NOVA ÁGUIA, também este será apresentado por todo o país e, na medida do possível, por todo o espaço lusófono. Realizaram-se já, ao todo, duas centenas de sessões de apresentação da NOVA ÁGUIA. Neste último semestre, destaque-se o facto de termos chegado ao Bairro Português de Malaca.
O tema do próximo número, a sair no primeiro semestre de 2011, será «Fernando Pessoa: "Minha pátria é a língua portuguesa" (nos 15 anos da CPLP)». Nele procuraremos, a partir da obra pessoana, pensar o presente e o futuro da Comunidade Lusófona, numa perspectiva aberta ao mundo. Essa tem sido sempre, como se sabe, a visão distintiva da NOVA ÁGUIA.
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