domingo, 24 de julho de 2011

De 8 a 11 de Agosto em Budapeste.





Com a sombra do comunismo já distante, Budapeste abriu as suas portas para encantar o mundo. É entre cenários únicos, onde a arquitectura parece assumir todas as expressões, que se espraia um quotidiano vibrante de vida. Nas artes, na cultura, na gastronomia, na hospitalidade este é ainda um lugar à parte na Europa, mas no melhor sentido da palavra. É o regresso de uma metrópole que, mesmo avançando firme em direcção ao futuro, não deixa por mãos alheias as suas mais genuínas tradições.
A essência de Budapeste reside na sua história, marcada por períodos alternados de prosperidade e devastação. Uma inconstância histórica que se explica pela sua localização estratégica, estendendo-se ao longo das margens do Danúbio, no coração da Europa Central. Os Magiares foram os fundadores da nação húngara, e nem os períodos negros da sua história apagaram essas raízes: a invasão turca no século XVI, o domínio dos Habsburgos até 1867, a devastação causada pela II Guerra Mundial e o controlo soviético até 1989.
Acontecimentos que deram ao povo húngaro a capacidade de enfrentar a adversidade e também o profundo orgulho pelo passado. Essa forma de estar é parte da alma de Budapeste, cidade que nasceu em 1873, com a unificação das cidades de Buda, Óbuda e Peste. Buda e Peste permanecem distintas, no entanto, criam um interessante contraste entre as margens do Danúbio. Buda, na margem ocidental, oferece estreitas e labirínticas ruas e uma interessante mistura de edifícios medievais e neoclássicos, na maioria reconstruídos depois da II Guerra Mundial. Peste, na margem oriental, reflecte o esplendor vivido nos finais do século XIX princípios do século XX, quando o estilo Secessão – uma das expressões da Arte Nova – criou as mais belas obras arquitectónicas.

A cidade é uma mistura impressionante de estilos e revivalismos arquitectónicos, afinal um dos seus maiores cartões de visita. A sombra do comunismo já não paira na cosmopolita Budapeste, que se aproxima a passos largos de outras cidades europeias. O visitante surpreende-se com uma metrópole onde a modernidade convive com as tradições. Historicamente centro de cultura e sobretudo de actividade musical, Budapeste também retomou a sua vocação: os seus festivais são já mundialmente famosos! Sendo uma das maiores cidades termais da Europa, os banhos são outro dos seus ex-líbris. E depois, depois há o Danúbio, adornado por belas pontes e de onde, navegando, se vislumbra a mais encantadora das perspectivas das cidades que se tornaram numa só.

A privilegiada situação geográfica de Budapeste levou a que a região fosse disputada pelos mais diferentes povos. Cerca de 100 d.C., os Romanos fundaram ali a cidade de Aquincum. O seu domínio prevaleceria até ao século V, altura em que a região é conquistada pelos Hunos. Seguiram-se os Godos, os Lombardos e, durante quase 300 anos, esteve sob o jugo dos Ávaros. Os Magiares, antepassados dos actuais húngaros, migraram dos Urales e chegaram à zona de Budapeste em 896. No ano 1000, o príncipe István (canonizado Santo Estevão) converte os húngaros ao Cristianismo e, como primeiro rei coroado, institui as bases do actual estado húngaro. A capital da nação húngara muda-se para Buda, em 1247, após a invasão Mongol. Grande parte da expansão da cidade deu-se durante a dinastia dos Angevinos. O século XV marca o apogeu de Buda, mas o seu desenvolvimento é interrompido pela invasão dos turcos, que dominam a região durante 150 anos.

Depois da libertação pelos exércitos cristãos, a Hungria tornou-se numa província do Império Austríaco dos Habsburgos. É sob o seu domínio que floresce económica e culturalmente. Buda prospera, ao mesmo tempo que a cidade do outro lado do rio, Peste, também floresce. Mais tarde, Peste torna-se num dos grandes centros de comércio do país enquanto que Buda permanece sob a vigilância apertada da realeza. É em Peste que o nacionalismo desperta: estala a Revolta de 1848, mas seria brutalmente dominada por Francisco José I. A resistência húngara continuaria, levando a que o Império Austríaco e o Reino da Hungria assinassem o Acordo de 1867 criando o Império Austrohúngaro. Em 1873, Buda e Peste unem-se criando a cidade de Budapeste. A seguir à Primeira Guerra Mundial, a monarquia foi deposta e a Hungria perdeu dois terços do seu território. O desejo de o recuperar levou os húngaros a apoiar a Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, Budapeste seria invadida pelas tropas russas em 1945. Instalava-se um governo comunista ao qual os húngaros responderam com a Revolta Popular de 1956, que seria esmagada pelos soviéticos. Com o colapso do comunismo, tornou-se, em 1989, na República da Hungria. As tropas soviéticas retiram-se do terreno em 1991, e a Hungria pôde finalmente realizar as primeiras eleições livres em mais de quatro décadas. Prevê-se que integre a União Europeia em 2003.

O Bairro do Castelo
Entre as muralhas deste bairro de Buda distinguem-se as zonas da Cidade Velha e do Palácio Real. A Cidade Velha, reconstruída depois da guerra, tem o encanto de ruas medievais e um rico património arquitectónico. Destaca-se a Igreja Mátyás, uma reconstrução neogótica, e também o invulgar Museu do Comércio e Restauração. A Rua dos Lordes, que atravessa a Cidade Velha, ainda conserva características medievais, que se misturam com fachadas barrocas e neoclássicas. O Bastião dos Pescadores é um excelente miradouro. As suas torres cónicas inspiram-se nas tendas dos Magiares. A sul, estende-se o Palácio Real, destruído e reconstruído por diversas vezes. Hoje é uma interessante amálgama de vários estilos que foram reconstruídos depois da guerra. Alberga a Galeria Nacional, a Biblioteca Nacional e o Museu de História de Budapeste.

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