domingo, 4 de abril de 2010

BIBLIOBURRO. Um caso notável.



Num ritual repetido quase todos os finais de semana desde a década passada em La Gloria, região da Colômbia fatigada pela guerra, Luis Soriano reuniu os seus dois burros, Alfa e Beto, na frente da sua casa numa recente tarde de sábado.
Já transpirando sob o implacável sol, ele amarrou nas costas dos animais bolsas com a palavra “Biblioburro” pintada em letras azuis, e as encheu com uma eclética carga de livros destinados aos habitantes das pequenas vilas mais além. As uas escolhas incluíam “Anaconda”, a fábula animal do escritor uruguaio Horacio Quiroga que evoca “The Jungle Book”, de Kipling; alguns livros de fotos da Time-Life (na Escandinávia, no Japão e nas Antilhas); e o “Dicionário da Academia Real da Linguagem Espanhola”.

“Comecei com 70 livros, e agora tenho uma coleção com mais de 4.800”, disse Soriano, 36 anos, professor de escola primária que vive aqui numa pequena casa com sua esposa, seus três filhos, e livros empilhados até o teto.
“Tudo começou como uma necessidade; então se tornou uma obrigação; e depois disso, um hábito”, explicou ele, olhando as montanhas se ondulando no horizonte. “Agora”, disse, “é uma instituição”.
O Biblioburro de Soriano é uma pequena instituição: um homem e dois burros. Ele a criou a partir da simples crença de que o acto de levar livros a pessoas que não os têm poderia, de alguma forma, melhorar esta região empobrecida – e talvez a Colômbia.

Sem comentários:

Enviar um comentário