terça-feira, 12 de maio de 2009

Antonio Ramos Rosa - Não posso adiar o amor.



Um dos poetas que mais gosto.



Quando acabou a segunda guerra mundial, Ramos Rosa estava em Lisboa. No Rocio viu uma vibração de toda aquela gente que festejava o final da guerra.
Ele olhava para todo o lado para ver se via alguém conhecido para o poder abraçar festejando tão importante momento.Ao fundo vê um velho colega da universidade. Corre para ele e … Amigo abraça-me, acabou a guerra. Pelo que ele respondeu com um ar distante. QUE É QUE EU TENHO A VER COM ISSO

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Não posso adiar o amor para outro século

não posso

ainda que o grito sufoque na garganta

ainda que o ódio estale e crepite e arda

sob as montanhas cinzentas

e montanhas cinzentas


Não posso adiar este braço

que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar

ainda que a noite pese séculos sobre as costas

e a aurora indecisa demore

não posso adiar para outro século a minha vida

nem o meu amor

nem o meu grito de libertação


Não posso adiar o coração.

2 comentários:

  1. Um astro

    Ouve a longa incoerência da palavra e a memória do sangue que se apaga.
    Ouve a terra taciturna.
    Tudo é furtivo e as sombras não acolhem.
    Nenhum jardim de segredos.
    Nenhuma pátria entre as ervas e a areia.
    Onde é que nasce a sombra e a claridade?
    Eis as vertentes da terra árida e negra.Quem
    reconhece o equilíbrio das evidências serenas?
    Estas palavras têm o odor de portas enterradas.
    Como dominar a desmesura da ausência e a vertigem?
    Como reunir o obscuro em palavras evidentes?
    Escuta,escuta a longa incoerência da terra
    e da palavra.Ao longo da distância
    murmura a perfeição monótona de um mar.
    Num pudor de esquecimento um astro se aveluda
    em denso azul na corola do silêncio.

    de Volante Verde(1986)

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  2. Este é um dos meus poemas favoritos, mas existe outro que gosto muito em contraponto
    ao de ramos rosa

    "Sê paciente
    deixa que a palavra amadureça
    e se desprenda como um fruto
    ao passar o vento que a mereça"

    EUGÈNIO DE ANDRADE

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