segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Póstuma reconciliação com Jorge de Sena


Os restos mortais do escritor ficaram depositados no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, depois de um exílio de meio século.
Jorge de Sena "não precisa de glorificações póstumas", afirmou Eduardo Lourenço à saída da Basílica da Estrela,onde decorreu a cerimónia de homenagem ao escritor, antes de o cortejo seguir para o cemitério dos Prazeres.
A trasladação dos restos mortais de Jorge de Sena é, para o ensaista, "um acto de reparação e reconciliação" que termina " a sua condição de exilado do nosso país". Na homenagem, em que estiveram presentes o primeiro-ministro, José Sócrates, o ministro da Cultura, Pinto Ribeiro, o ex-Presidente da República Ramalho Eanes, Maria Cavaco Silva e Maria Barroso, a actriz Eunice Munõz leu o poema Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya, escrito por Jorge de Sena em 1959.
Ramalho Eanes lembrou que o escritor partiu não por "estar zangado com a pátria, mas com o regime político".
Já o ministro da Cultura, que tem estado envolvido nas negociações que visam trazer para Portugal todo o espólio de Sena, destacou a importância deste acto como uma "reparação e reconciliação" , que era devida ao poeta.
Jorge de Sena, que completaria 90 anos em Novembro, exilou-se em 1959 no Brasil, onde se doutorou em Letras. Foi depois para os Estados Unidos, onde leccionou na Universidade de Wisconsin e na Universidade da Califórnia - Santa Bárbara. À data da morte, era director do departamento de Espanhol e Português.
"A saga de Jorge de Sena foi acompanhada pela minha geração com a amargura de quem não gosta de ver um dos seus grandes intelectuais no exílio", afirmou José Socrates.
Este regresso de Sena a Portugal, 50 anos depois da partida, está a criar um renovado interesse pelo seu trabalho. A editora Guimarães vai reeditar a sua obra completa, depois de José Saramago ter chamado a atenção para o esquecimento que se abatia sobre o escritor, sobretudo entre as gerações mais jovens. Por outro lado, o espólio depositado na Gulbenkian será transferido para a Biblioteca Nacional, que reservou um espaço próprio para o colocar.
Pedro Tamen, Ana Hatterly ou Luís Filipe Rocha foram alguns dos presentes na cerimónia, bem como vários elementos da família do próprio Jorge de Sena, o poeta que um dia escreveu (em Carta a meus filhos...): "Nenhum Juízo Final, meus filhos, pode dar-lhes/ aquele instante que não viveram, aquele objecto/que não fruíram, aquele gesto / de amor, que fariam 'amanhã'".

1 comentário:

  1. Olá,

    Ora bem, visto a Buchholz ter entrado em falência e estando a editora Coimbra a liquidar os livros em stock, lá fui eu tentar adquirir algo de jeito.
    Há já algum tempo (leia-se anos) que andava para comprar o livro "Dedicácias" do Jorge de Sena.
    Estava lá, à vista de toda a gente, mesmo em cima de uma mesa.
    É meu ! E agarrei-o.
    Chegando a casa, reparei que é uma edição limitada de 2100 exemplares (coube-me o nº 643).
    Paguei 10 Euros :-)

    Cumprimentos,

    José

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